A safra global de açúcar 2015/2016, que se inicia em outubro, deve registrar um déficit de 3,8 milhões de toneladas, o primeiro desde a temporada 2009/2010. A projeção é da INTL FCStone.
A expectativa é de que a produção recue 0,8% em relação ao registrado em 2014/2015, a 180,5 milhões de toneladas, enquanto a demanda deve aumentar 1,8%, para 184,3 milhões de toneladas.
De acordo com o analista João Paulo Botelho, a ligeira queda na produção ocorrerá devido aos baixos preços do açúcar e ao clima desfavorável em diversas regiões produtoras. Mesmo assim, ele acredita que o saldo está longe de consumir os estoques acumulados nas cinco temporadas anteriores.
O maior recuo deve ocorrer na União Europeia, onde a área plantada com beterraba caiu 11,5% devido aos elevados estoques acumulados e baixos preços do açúcar no mercado interno. Além disso, o clima tem sido seco na maior parte do período de desenvolvimento da beterraba, o que deve ter efeitos sobre a produtividade agrícola e industrial em alguns países importantes, como a Alemanha, que também foi o país que mais cortou a área plantada (16,5%).
A INTL FCStone diz que a produção da Índia ainda é uma incógnita, visto que os estados de Mahrashtra e Karnataka (primeiro e terceiro maiores produtores do país, respectivamente) registram fortes secas. Em Uttar Pradesh, que foi o segundo maior estado produtor na última temporada, a condição da cana está significativamente melhor do que no ano anterior, podendo levar a maior produtividade agrícola e industrial.
O Centro-Sul do Brasil e a Tailândia devem apresentar crescimento modesto da produção, com os asiáticos adotando uma política de transferência de área do arroz para a cana, aumentando a área plantada. No Brasil, a maior disponibilidade de cana em 2015, o início precoce da colheita de 2016 e a desvalorização do real está tornando a exportação de açúcar mais vantajosa em relação à produção de etanol.