A cotação do dólar alcançou nesta terça, dia 22, R$ 4 e é o valor mais alto desde a criação do Plano Real, em 1994. No início da manhã, a cotação estava em R$ 4,0264. Na segunda, apesar da intervenção do Banco Central (BC), a moeda norte-americana fechou o dia com alta de 0,57%, vendido a R$ 3,981. O recorde para o fechamento da moeda ocorreu em 10 outubro de 2002, quando o dólar fechou o dia cotado em R$ 3,99.
Na segunda, além de vender dólares no mercado futuro, por meio da rolagem (renovação) dos leilões de swap cambial, o Banco Central ofertou US$ 3 bilhões por meio de um leilão de venda com compromisso de recompra. Nessa modalidade, o BC vende dólares das reservas internacionais, mas adquire a divisa de volta algum tempo depois.
Para esta terça, embora o BC não tenha anunciado, até o momento, novo leilão de venda com compromisso de recompra, a instituição fará mais um leilão de rolagem de swap cambial.
A cotação da moeda não tem caído nos últimos dias, apesar de o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, ter adiado o aumento da taxa básica de juros da maior economia do planeta, na reunião da última quinta, dia 17.
Desde o fim de 2008, os juros nos Estados Unidos estão entre 0% e 0,25% ao ano. Na época, o Fed cortou a taxa para estimular a economia americana em meio à crise no crédito imobiliário. A última elevação de juros nos EUA ocorreu em 2006.
Juros mais altos atraem capital para os títulos públicos americanos, considerados a aplicação mais segura do mundo. Os investidores retiram recursos de países emergentes, como o Brasil, pressionando a cotação do dólar.
Dólar em alta compensa custos e traz ganho maior
O vice-presidente da Raízen, Pedro Mizutani, avalia que a alta do dólar ante o real é positiva para o setor sucroalcooleiro brasileiro. Isso porque o segmento nacional é fortemente exportador, de modo que a divisa norte-americana fortalecida compensa o aumento dos custos e acarreta em “ganho maior” para o produtor. Ainda segundo Mizutani, o açúcar para exportação tem hoje melhor remuneração que o etanol. A vantagem na comercialização do alimento é da ordem de 5% sobre o biocombustível, afirmou.
Com relação à safra de cana-de-açúcar da Raízen, joint venture entre Shell e Cosan, Mizutani informou que as chuvas no início de setembro atrasaram a programação de colheita da empresa em cinco dias. Ainda assim, o executivo disse acreditar que companhia fechará a temporada 2015/2016 com processamento perto do teto da meta, de 61 milhões de toneladas.
Para o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, a disparada do dólar em relação ao real não tende a alterar o mix de produção da atual safra de cana 2015/2016 no Centro-Sul do Brasil. Conforme ele, as usinas já fecharam suas programações de fabricação de produtos, com foco no etanol.
A exemplo de Mizutani, o diretor da Unica avalia que o dólar fortalecido é um estímulo às exportações de açúcar, pois os produtores brasileiros acabam recebendo mais reais no momento da conversão de moedas.
– A alta do dólar é ruim para quem está apenas no mercado interno, que vê os custos aumentarem. O grande benefício é para quem exporta – disse Rodrigues.