O cultivo de frutas e hortaliças protegido por telas pode triplicar a produtividade desses produtos. A tecnologia é adaptada às regiões mais quentes e está em expansão no país. O custo das estruturas varia entre R$ 4,50 e R$ 7 o metro quadrado. A técnica pode reduzir a temperatura em 30% em dias quentes e absorver o calor para amenizar as noites frias do Cerrado. Investimento que reduz riscos de pragas e doenças e amplia a vida produtiva das plantas.
Tudo começa com a escolha do local na propriedade.
– Deve ter cuidado, por exemplo, para que o solo não alague parte do ano, para que não haja problema de doença de solo, para que não haja sombreamento, por exemplo, a localização de morros ou de árvores altas, que venham sombrear a estrutura em determinada parte do dia, isso tudo deve ser evitado – explica o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Hortaliças, Ítalo Guedes.
Tecnologia que se for associada ao manejo correto pode triplicar a produtividade, comparando com plantio em campo aberto. Mas é preciso escolher uma cultura que garanta o retorno do investimento. A Embrapa Hortaliças trabalha para ampliar as alternativas de culturas que tenham maior valor de mercado.
– Nós recomendamos duas coisas, ou que seja um cultivo que tenha um valor de mercado alto, é o caso de melões nobres, é o caso de pimentão, de tomate tipo cereja; ou uma cultura que ele consiga vender ao longo de todo ano, que é o caso de alface – orienta Guedes.
A região de Planaltina, no Distrito Federal, é reconhecida pela alta produtividade do pimentão. Cem produtores que apostaram na produção protegida por telado e estufa movimentam mais de R$ 13 milhões por ano.
– Brasília tem muita luz, tem problema de queima de fruto, a gente perde muita qualidade. Aqui no telado não, ele faz uma sombra, onde protege o fruto quanto à queima e tem produtividade maior do que a campo – conta o produtor rural Maurício Rezende.
O produtor Maurício Rezende sentiu a diferença na qualidade dos pimentões cultivados no telado para alcançar mercados mais distantes. Para Manaus, no Amazonas, por exemplo, a viagem pode demorar até duas semanas. E o agricultor consegue 30% a mais no preço.
– O pimentão tem uma parede de carne bem mais grossa. Então, ele consegue manter nessa mesma qualidade por mais dias, enquanto que no campo a gente pode observar, a parede é bem fininha e murcha muito rápido, ele não aguenta transporte de longa distância. Essa durabilidade pós-colheita faz com que o nosso cliente pague mais caro pelo nosso pimentão – afirma Rezende.
Segundo o chefe da Embrapa, uma das coisas que faltam para o avanço da produção nacional é uma adaptação melhor do telado à região Norte e à região Nordeste, onde é necessário o cultivo protegido, mas as tecnologias disponíveis ainda são limitadas.