A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, disse que seu país não se nega a um diálogo com o Brasil em um possível ingresso brasileiro na Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês). Ela e a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, participam nesta quinta, dia 15, do evento “Diálogo Agrícola Brasil-Estados Unidos”, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
– Podemos conversar. Não sou a pessoa que decide quem são os membros. Já se tem formalizado. Mas vamos ver o que o Brasil gostaria de fazer no futuro – disse Liliana, depois de críticas da ministra da Kátia Abreu ao Mercosul e ao posicionamento externo do Brasil.
A embaixadora também pregou a harmonização de procedimentos
– Temos a responsabilidade de procurar harmonizar os procedimentos e os diálogos. Temos os mesmos desafios e o diálogo de hoje terá um agenda que vai colaborar – afirmou.
A Parceria Transpacífico, maior acordo de livre comércio do mundo, reúne EUA, Japão, Canadá e outros nove países, que juntos representam 40% do PIB do planeta.
– É um acordo que nos preocupa muito, acho que o Brasil precisa rever a sua posição para não ficarmos isolados e ilhados diante do mundo, esse foi um alerta importante. Espero que mudanças possam ocorrer no sentido do Brasil ficar um pouco mais livre para fazer o que precisa ser feito, acordos comerciais bilaterais amplos de comércio. Situação para não dizer dramática, bastante preocupante – afirmou a ministra.
Críticas
Kátia Abreu, fez duras críticas à lei agrícola dos Estados Unidos, ou Farm Bill, que tem potencial para garantir elevados subsídios aos produtores norte-americanos. Segundo a ministra, caso o gatilho que libera a subvenção seja acionado, apenas para a soja seria provocada uma queda de 2,7% nos preços e um prejuízo de US$ 1,1 bilhão aos agricultores brasileiros. Apesar desse diagnóstico negativo, a ministra considerou que o país está de mãos atadas.
– Não podemos tomar qualquer medida até o subsídio ser acionado e os prejuízos se realizarem – afirmou durante o evento.
A ministra observou que Brasil e EUA têm responsabilidade com segurança alimentar do mundo em virtude do potencial produtivo das duas nações e, apesar da crítica, disse que as duas nações precisam harmonizar o diálogo e os procedimentos.
Além do tema comercial, durante o diálogo agrícola com os Estados Unidos, especialistas trocaram experiências sobre os modelos mais eficientes de Plano Safra, com destaque para o seguro rural.
No Farm Bill, modelo dos Estados Unidos, o planejamento é de 10 anos e o orçamento para as políticas agrícolas especificas é revisado a cada quatro anos. Como no caso da subvenção de seguro agrícola, que chega a US$ 8 bilhões por safra. Enquanto no Brasil, o plano que deveria ser trienal não vai ser cumprido e 37 mil produtores de soja que contrataram seguro para as lavouras que estão iniciando, podem ficar sem subvenção.
– Nós não podemos ficar a mercê de um seguro insignificante, um seguro que não está cobrindo nem 4% da nossa área e menos de 20% da nossa produção. O Brasil não pode mais continuar sendo assim, nos estamos cada dia mais crescendo nossa produção – reclama o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Junior.
Para José Mário Schreiner, presidente da Federação de Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), o país tem que avançar nos dois sentidos: no sentido de aumentar e melhorar o seguro rural; e também de oferecer crédito.
O Ministério da Agricultura quer aprovar no Congresso a Lei Plurianual, que ainda está sendo construída por meio de uma câmara temática. O modelo pode ser similar ao dos Estados Unidos.
– A nossa proposta é que a lei possa ser de quatro a cinco anos, os americanos e europeus é mais ou menos isso, queremos uma lei que dê esta previsibilidade. Nós queremos unificar toda a legislação brasileira, que hoje existem em torno de quatro leis que tratam da política agrícola, queremos unificar, aperfeiçoar, principalmente no que diz respeito ao seguro agrícola. Nós queremos um mecanismo que faça com que o seguro possa cobrir no mínimo 50% da produção nacional, hoje os americanos cobrem quase 90% da sua produção – compara Kátia Abreu.