A Medida Provisória (MP) publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta-feira, dia 11, que define punições mais severas para quem usar veículos para bloquear vias no país, gerou protesto no Rio Grande do Sul, onde as paralisações continuam.
O texto endurece as punições para os grevistas, prevendo multa de R$ 5.746 para quem interromper, restringir ou perturbar a circulação em vias. Os organizadores de paralisações com bloqueio terão que pagar R$ 19.154 de multa, se forem flagrados nessas situações.
O caminhoneiro Luciano Mendes foi parado por manifestantes em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul. Por receio, estacionou o caminhão e só continuou a viagem depois que a Polícia Federal chegou ao local. Apesar de não integrar o movimento, discorda da medida que prevê punições mais rígidas aos grevistas.
“Eu acredito que esse endurecimento do governo já era esperado, porque a gente está afetando diretamente a presidente de forma geral. O movimento está buscando uma melhoria, mas querendo ir na fonte, que é o governo, para ver se melhora a situação do país”, diz ele.
A opinião de Mendes é a mesma da maioria dos caminhoneiros autônomos que rodam pelas estradas gaúchas. Para Rodrigo Fonseca D’Ávila, também caminhoneiro, a MP “é uma articulação para que o movimento enfraqueça e pare”. Ele diz que está “cada vez sobrando menos”, enquanto sobem impostos, preço do diesel, água e luz.
Gilberto Gomes apoia a mobilização, mas não concorda com o bloqueio de rodovias. “Não acho justo parar em acostamento. Que pare, então, em postos de gasolina, sabe? Ou em alguns outros estacionamentos, mas menos no acostamento”.
Lideranças do movimento grevista dizem que o governo tenta parar o movimento que, mesmo enfraquecido no Rio Grande do Sul, não deve terminar. O setor jurídico do Comando Nacional do Transporte estuda a medida para avaliar se ela é constitucional.
A Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina preferiu se manifestar por meio de nota a respeito da greve. Informou que repudia a paralisação, que estaria sendo feita por pessoas estranhas à classe, que “tentam usar profissionais honestos a favor de interesses suspeitos”. Afirma, ainda, que as reivindicações dos grevistas não representam os anseios da categoria.