Uma programação extensa e intensa. Foram 16 palestras para debater o maior desafio da atualidade da pecuária: a sustentabilidade. Polêmicas recentes, reforçadas após a divulgação do relatório do Greenpeace, colocaram em cheque a credibilidade da carne bovina brasileira.
A situação é delicada e envolve diversos fatores. De um lado, o aumento exponencial do consumo de carne bovina projetado para os próximos anos. Por outro lado, faltam áreas aptas a produzir, considerando que as que restam ou não são viáveis para a produção ou precisam ser preservadas. E ainda tem outro fator: a exigência cada vez maior dos consumidores e dos mercados internacionais por produtos sustentáveis. A primeira saída que vem a cabeça é o confinamento, ou seja, produzir mais gado na mesma área. Só que, segundo alguns especialistas, isso seria inviável em termos de custo e causaria impacto ainda maior ao meio ambiente. Deste jeito, a saída é se adaptar, modificar a forma de produção, adequar as leis para poder conviver nesse novo cenário.
Para o vice-presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Assuero Doca Veronez, é possível aumentar a produtividade sem ocupar novas áreas e também sem confinar o gado. Segundo ele, a solução está nas novas tecnologias.
Mais do que incrementar a produtividade, o consultor e diretor-sócio da AgroBrasConsult, Jean-Yves Carfantan, diz que não há outra saída senão se adaptar às exigências do consumidor e que essas adaptações precisam ser divulgadas. Para ele, só assim, o Brasil poderá recuperar a confiança de mercados importantes como o europeu.
Discussões como a do workshop desta quinta foram formalizadas em um grupo de trabalho da pecuária sustentável, lançado há 15 dias. Trinta e seis integrantes entre pecuaristas, frigoríficos, supermercados, bancos e ONGs estão se reunindo para construir uma solução em conjunto.