O governo da China planeja reduzir os preços locais de milho pelo segundo ano consecutivo em uma tentativa de reacender a demanda dos processadores de grãos, atingidos pela crise, e para reduzir os maiores estoques de milho do mundo, disseram fontes do setor.
No mais recente movimento para alavancar um setor que tem enfrentado problemas com o milho doméstico mais caro do mundo, o governo está se preparando para reduzir os preços oficiais em mais 10%, para 1,8 mil iuanes (282 dólares) por tonelada em 2016/2017, segundo três fontes. A redução ocorreria depois de cortes anunciados anteriormente, para o ano comercial iniciado em outubro.
Os preços mais baixos do milho local podem reduzir o apetite por importação pelas indústrias do país, que é o segundo maior consumidor do cereal, atrás apenas dos Estados Unidos, em uma medida que pode pressionar os preços globais e prejudicar grandes exportadores como Estados Unidos, Brasil e Ucrânia.
O corte nos preços também poderia abalar a demanda por substitutos do milho, como sorgo, grãos secos de destilaria (DDGs, na sigla em inglês) e cevada, que tiveram importações recordes pela China, de 30 milhões de toneladas, em 2014/2015.
“O governo precisa reduzir os preços, dados os gigantescos estoques e com os preços domésticos do milho ainda muito mais elevados que as importações”, disse o analista Qian Jianjun, da consultoria Beijing Orient Agri-business Consultant.
O governo chinês também poderia oferecer subsídios para escoamento de milho para fabricantes de ração no sul, que buscam milho no cinturão de grãos do nordeste do país, disseram duas fontes. Elas não especificaram quando isso poderia ocorrer.
O ministério das finanças e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma não responderam a pedidos para comentar.
As três fontes, que têm conhecimento direto do assunto, disseram que Pequim pode anunciar o novo corte nos preços do milho no começo do ano que vem, antes do início do plantio em março.