Gripe aviária nos EUA e UE pode beneficiar as exportações do Brasil

País tem apresentado embarques abaixo do esperado e pode enfrentar concorrência mais acirrada no mercado internacional em 2016

O Brasil é o exportador de carne de frango mais bem posicionado para aproveitar a perda de mercado dos Estados Unidos, decorrente do surto de gripe aviária naquele país e da detecção recente da doença também na União Europeia. A análise é do Rabobank, em seu relatório trimestral sobre o mercado da commodity. Contudo, a equipe de analistas nota que o país tem apresentado embarques abaixo do esperado e pode enfrentar concorrência mais acirrada no mercado internacional em 2016.

A instituição ressalta que os preços da ração animal devem continuar baixos no mundo no ano que vem, ao mesmo tempo em que o frango continuará a ser beneficiado na opção do consumidor, por causa de seu preço relativamente menor em relação a outras proteínas, como carnes bovina e suína. O cenário geral, portanto, é positivo, mas o Rabobank nota que a oferta tem crescido mundialmente e superado a demanda em países como os Estados Unidos, China, Tailândia, Índia e Indonésia. “Os mercados de melhor performance são Rússia e Brasil, mas mesmo neles preocupações com a oferta têm surgido”, escreve a equipe de consultores.

A oferta excedente e a gripe aviária têm contribuído para deprimir preços da carne de frango no mercado internacional. “Lidar com a ameaça em andamento da gripe aviária será o maior desafio em 2016 e vai demandar mais investimentos em biossegurança, melhores estruturas industriais e modelos de negócios”, prevê o Rabobank, acrescentando que é desejável maior integração entre governo e indústria para garantir os padrões sanitários da produção. A maior disponibilidade de carne de frango, porém, pode ser minimizada por restrições ao comércio com os Estados Unidos, impostas por China e Tailândia em meio à confirmação de surtos da gripe aviária no país.

Em sua análise específica sobre o Brasil, o banco nota que os preços do frango ficaram estáveis em outubro, após subirem 15% em setembro, apesar da pressão gerada pela maior oferta. Isso fez com que o diferencial de preços entre a carne de frango e a de boi tenha diminuído, retornando a níveis observados em 2014. Mesmo após a valorização, os preços do frango estão apenas 2% maiores do que os registrados em outubro do ano passado, tomando por referência o atacado da Grande São Paulo.

O Rabobank cita a crise macroeconômica como fator de preocupação, mas indica que ainda assim o consumo de carne de frango deve crescer entre 3% e 4% este ano. Porém, os preços dos grãos devem permanecer relativamente altos em virtude da desvalorização do real, o que pode afetar os resultados da indústria no curto prazo. A exportação, por outro lado, deve avançar e contribuir para margens maiores dos frigoríficos.