Cunha aceita pedido de impeachment de Dilma Rousseff

Aceitação da abertura do processo ocorre no mesmo dia em que PT decide votar a favor da cassação do presidente da Câmara no Conselho de Ética

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, autorizou nesta quarta-feira, dia 2, a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rouseff. De acordo com Cunha, o acolhimento do pedido protocolado pelos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal tem “natureza técnica”.

Em pronunciamento no Palácio do Planalto, Dilma afirmou que recebeu a notícia sobre o pedido com indignação. Segundo ela, não haveria nenhum argumento consistente para o acolhimento do processo de impeachment.

“Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público. Não possuo conta no exterior. Nunca coagi e nem tentei coagir instituições em busca de satisfazer os meus interesses”, afirmou a presidente.

Cassação

O anúncio de Cunha foi feito durante entrevista coletiva na própria Câmara. A aceitação do processo ocorre no mesmo dia em que a bancada do Partido dos Trabalhadores decidiu pelo voto a favor do prosseguimento do processo da cassação de Cunha.

O PT tem três deputados – Zé Geraldo (PA), Leo de Brito (AC ) e Valmir Prascidelli (SP) – no Conselho de Ética da Câmara, que investiga Eduardo Cunha por suposta quebra de decoro parlamentar. Os três votos são considerados decisivos para definição do processo contra o presidente da Casa.

Contas

Ao apresentar o pedido de impeachment, em outubro, Miguel Reale Junior informou que os juritstas usaram como argumento a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que rejeitou as contas do governo de Dilma Rousseff de 2014.

Na ocasião, o tribunal analisou o atraso no repasse de recursos para a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, referentes a despesas com programas sociais do governo, o que configuraria operação de crédito, além de cinco decretos envolvendo créditos suplementares assinados pela presidenta Dilma Rousseff, sem autorização do Congresso Nacional.

São necessários os votos de dois terços do total de deputados (513), em plenário, para autorizar o processo de impeachment, que, se aprovado, seguirá para o Senado.

Declarações

Diversos deputados falaram em plenário sobre a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de aceitar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff por crime de responsabilidade.

“A presidente Dilma fez o governo da maneira mais populista e irresponsável que um governante pode ser”, disse o líder do Solidariedade, deputado Arthur Oliveira Maia (BA).

Ao recomendar a suspensão da sessão do Congresso Nacional, o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), disse que o Parlamento precisa parar para refletir sobre uma “matéria de interesse do país”.

“Havia uma ansiedade da sociedade brasileira com relação a este momento. É um momento histórico e caberá à Câmara e ao Senado fazerem o julgamento. O processo foi iniciado hoje e, amanhã, a Câmara terá uma comissão especial para analisar o pedido de impeachment apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal”, disse Mendonça Filho.

Este é o 28º pedido de impeachment da presidente apresentado à Câmara neste ano. O documento tem seus argumentos baseados em problemas de responsabilidade fiscal do governo de Dilma Rousseff, nas chamadas “pedaladas fiscais” – manobras contábeis usadas pelo governo federal para maquiar gastos além dos limites legais – e em fatos deste mandato e do anterior da presidente.

Um relatório do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União concluiu que a presidente estaria repetindo em 2015 as “pedaladas fiscais”.