O aumento das tarifas de energia elétrica já atingia de forma negativa o setor arrozeiro nos últimos anos, mas com a entrada em vigor em 2015 do Sistema de Bandeiras Tarifárias, este impacto preocupa os produtores ainda mais. A bandeira vermelha, que é a de maior custo de geração, atingiu na safra passada o final do período de irrigação, mas para a safra 2015/2016 ela incide sobre as contas de luz desde o início da implantação das lavouras, quando o produtor utiliza mais intensamente a técnica.
O custo da energia elétrica para os produtores de arroz aumentou em aproximadamente 104% em um ano. Em dezembro de 2014 o kilowatts-hora (kW/H) para os irrigantes custava R$ 0,06 entre 22h e 6h30min, e R$ 0,16 entre 6h30min e 19h. Agora no mesmo mês de 2015, os valores estão em R$ 0,14 e R$ 0,28. “A utilização da bandeira vermelha representa 23% do aumento da luz neste período”, destaca o diretor financeiro da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Gustavo Thompson.
Além das questões de renda no campo, a Federarroz também se preocupa com uma possível inadimplência dos produtores junto às concessionárias de energia elétrica. Segundo o presidente da entidade, Henrique Dornelles, a federação tem o relato de produtores que, em uma semana de uso de energia já gastaram o equivalente a metade de um mês se comparado ao mesmo período do ano passado. “É um impacto muito forte da bandeira vermelha para o próximo período”, observa.
Dornelles afirma que a bandeira vermelha atinge um setor cujos preços são determinados pelo varejo, o que termina afetando uma atividade que teve todos os seus custos majorados. Lembra que desde o início do ano a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, foi alertada sobre esta situação, assim como o Ministério de Minas e Energia.
Conforme o dirigente, recentemente foi aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado, projeto de lei que retira a incidência da bandeira vermelha da Aquicultura e do Rural Irrigantes de forma generalizada no Brasil, o que beneficia o arroz que é 100% irrigado no Rio Grande do Sul. “O setor espera que a presidente Dilma Rousseff entenda o problema e sancione a lei para que os produtores tenham um pouco mais de tranquilidade no resto de safra”, enfatiza.