O diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, afirma que a baixa demanda por petróleo no fim do ano, combinada com a perspectiva de aumento na oferta, pode fazer o preço do barril de petróleo chegar a US$ 25. A commodity do tipo WTI foi negociada nos Estados Unidos abaixo de US$ 38 por barril nesta terça-feira, dia 8, e o Brent operando abaixo de US$ 40 pela primeira vez desde o início de 2009, com um excedente global no mercado se intensificando.
O excesso de oferta está sendo agravado pelo fracasso da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), na semana passada, de acordar um limite máximo de produção, com integrantes da organização, como Irã e Iraque, prometendo elevar a produção e as exportações no próximo ano.
Os contratos futuros do Brent e do WTI já tinham caído mais de 6% na segunda-feira, dia e nesta terça atingiram níveis vistos pela última vez na crise de crédito de 2008/2009.
De acordo com o diretor da consultoria CBIE, a oferta de petróleo está abundante e a demanda mais baixa. O cartel da Opep estaria desorganizado, já que os países-membros não entraram em um acordo para reduzir a produção. A Arábia Saudita teria receio de perder mercado e não recuperá-lo depois, acredita Pires, e por isso estaria aumentando sua produção.
Grãos
Ele lembra que o petróleo é a principal commodity do mundo e influencia o preço de grãos como soja, milho e trigo, como tem ocorrido nos últimos três anos.
Adriano Pires acredita que, em média, o barril deve ficar com a cotação de US$ 50, mas pode haver surpresas entre o final deste ano e o início de 2016. “A demanda costuma cair nesta época, e é possível que o petróleo alcance US$25 por barril, já que a perspectiva é de a oferta aumentar ainda mais”, diz.
No longo prazo, segundo o diretor, o petróleo não terá papel tão importante como foi nos últimos 100 anos. As empresas estariam mudando o perfil de produção e substituindo o petróleo por gás natural. “A Shell, por exemplo, já produz mais gás do que petróleo. O fato é que as petroleiras estão se transformando para atender os quesitos ambientais”.
Pires afirma que a renda de países produtores como Venezuela e Rússia caiu pela metade – só neste ano, diz, o PIB russo deve ter queda de 3%. Segundo o diretor da consultoria, a economia desses países será afetada e eles tendem a ser menos compradores.