Integração lavoura-pecuária-floresta pode ser até 6% mais rentável, diz estudo

Trabalho feito pela Embrapa e Imea em Mato Grosso mostra que a adoção de atividades na mesma área diminui os custos de implantação

Fonte: Renata Sirtoli/Canal Rural

Estudo realizado pela Embrapa e pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) demonstra que os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta podem ser até 6% mais rentáveis que modelos convencionais de produção. 

A avaliação foi feita em dez áreas implantadas entre 2005 e 2012 em Mato Grosso. Para o pesquisador da Embrapa Júlio César dos Reis, o resultado revela a importância da sinergia entre os componentes do sistema. “A presença da pecuária, por conta do estabelecimento da pastagem, a condução e o manejo acabam diminuindo o custo de implantação das lavouras”, diz.

O pesquisador afirma que o estado é líder na implementação de sistemas que unem lavoura e pecuária ou ainda também o cultivo de florestas. No entanto, essas áreas ocupam apenas 5% do total cultivável, cerca de 800 mil hectares. As duas entidades que conduziram o estudo têm como objetivo ampliar essa participação, e vêm criando uma metodologia para avaliar a rentabilidade dessa prática.

Reis explica que, para integrar lavoura e pecuária em uma propriedade de 700 hectares, por exemplo, é necessário R$ 1,5 milhão. Para implantar uma lavoura de soja na mesma área, o gasto é de apenas R$ 300 mil a menos.

Solo estruturado

Produtor de soja, milho e algodão em Mato Grosso, Alexandre Barazatti começou a implantar a parceria entre lavoura e pecuária em sua fazenda de 10 mil hectares há quatro anos. Hoje, o sistema ocupa 4 mil hectares da propriedade, uma área que tem custo de produção 30% menor.

Segundo ele, o solo ganhou melhores características com a redução de uso de mão de obra e maquinário, por causa da adoção de plantio direto e a possibilidade de usar braquiária para pastagem na área de lavoura. “Temos problema de veranico forte em Mato grosso, e nessas áreas onde foi feito o teste (com a integração) houve um ganho fantástico, de 2 a 3 sacas a mais por hectare, por ter esse solo de melhor estrutura”, afirma Barazatti.

O produtor conta que a produtividade do rebanho bovino de 12 mil animais também aumentou por conta da qualidade do pasto. A implantação da braquiária na safrinha, diz ele, tem permitido ganhos de até 800 gramas diários em fêmeas, atingindo índices que chegam a 700 kg por hectare.