A troca de bezerro por boi gordo atingiu em novembro a pior relação do ano. Foram necessárias 8,9 arrobas do animal adulto para a compra de um bezerro desmamado.
A valorização é tanta que, em algumas regiões, um animal novo custa apenas R$ 200 a menos que o gado pronto para o abate. Esse comportamento do mercado é atribuído à redução de matrizes nos últimos anos. Além do consumo interno, bastante aquecido antes da crise econômica, o volume de exportações também tem contribuído para a alta demanda produtiva do setor.
Para o analista de mercado da Terra Investimento Elio Micheloni Júnior, o Brasil perde cerca de 2,5 milhões de hectares de pastagens por ano para a agricultura. Isso reduz o rebanho, principalmente de cria e de fêmeas. “Se no ano que vem nós tivermos todos esses ganhos em relação a exportação, nós vamos continuar com o mercado muito aquecido”, afirma.
O produtor Valcirio Hasckel, de Bragança Paulista (SP), chegou a destinar 100% de seu rebanho à recria de animais durante muitos anos. Ele compra bezerros, recria e vende para confinamentos. Atualmente, reduziu pela metade o número de animais com que trabalha.
Ele conta que precisou mudar de estratégia porque o bezerro ficou muito valorizado, o que teria inviabilizado a venda de boi para confinamento por falta de margem de troca.
“Eu não estava conseguindo trocar. Peguei alguns bois e estou deixando no pasto para engordar, para ter uma margem um pouco melhor”, diz o pecuarista.
Hasckel afirma que há um ano o bezerro valia de R$ 950 a R$ 1.000. Agora, tem preço de R$ 1.400. Segundo o criador, neste fim de ano, tem negocviado 1,8 ou 1,9 bezerro por boi gordo, contra uma proporção de 2,3 por animal pronto para abate no ano passado.