Citricultores fecham 2015 focados em recuperar as perdas acumuladas pela cultura

Na safra 2015/2016, o Brasil deve colher 286 milhões de caixas de laranja e bater recordes na exportação de suco processado

Fonte: Divulgação/Pixabay

A primeira conclusão é boa: diferentemente de outras commodities, o suco de laranja termina 2015 com os preços mais altos dos últimos quatro anos. No entanto, o preço é consequência da redução drástica da área plantada, já que doenças e baixos estoques mundiais desenharam o cenário. Foi um ano para o produtor de laranja começar a pensar em recuperação.

O preço da caixa de 40 kg pago pela indústria em dezembro foi de R$ 17 em média, R$ 4 a mais do que no mesmo período do ano passado.
 
“É um momento muito importante para a citricultura brasileira, que está recebendo um valor melhor pela caixa de laranja e, com certeza, isso vai refletir num melhor trato, numa melhor produção de laranja”, indica a analista de mercado Maria Flávia Tavares.
 

 pouco amenizou


Abandono

Um levantamento do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA-SP) estima que nas últimas duas décadas 20 mil citricultores abandonaram a atividade no Brasil. Redução de área que impactou, e muito, na produtividade do maior exportador de laranja do mundo.

“Hoje em dia, nós temos 430 mil hectares, o senso comum dizia que essa área já foi de 600 mil hectares, mas a gente não tem um número que seja comparável pela questão das metodologias. Então, a gente acredita que possa ter tido uma redução de área, mas isso vai ter que ser acompanhado ano a ano”, calcula o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR), Ibiapaba Neto.

Segundo ele, realmente teve muito produtor saindo da citricultura nos últimos anos, mas também tem havido grandes investimentos em pomares empresariais. Então, uma pela outra, a citricultura tem se comportado de forma bastante dinâmica.
 
“A gente vai ter que acompanhar nos próximos anos para entender direitinho qual é o aumento ou a redução de área”, diz o diretor.
  
Em um levantamento inédito, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) concluiu que o parque citrícola brasileiro, formado principalmente pelos estados de São Paulo e Minas Gerais, tem hoje quase dez mil hectares de pomares abandonados.  
  

“O que a gente tem acompanhado é que alguns citricultores tiveram dificuldades de combater o greening e outras doenças em regiões mais tradicionais da citricultura. Pomares que já eram antigos e com padrão tecnológico diferente do que é necessário hoje em dia não conseguiam fazer frente aos altos custos de produção, que vêm justamente por conta desse aumento de doenças”, fala Neto.

É importante dizer que o citricultor, acima de tudo, o produtor rural, ele tem a terra como grande ativo e o que ele faz com ela é sempre uma opção

EUA

greening também prejudica lavouras de outros grandes países produtores, como os Estados Unidos, que hoje produz apenas metade do que consome.
 
“A região da Flórida, que é a segunda maior produtora de suco de laranja do mundo, tem a sua safra sendo reduzida ano a ano, nos últimos cinco anos. Ela saiu de 146 milhões em 2011 para a estimativa de 69 milhões. É uma redução de mais de 20% em relação ao ano anterior. Tudo isso é devido ao greening, essa doença que não foi controlada e hoje atinge mais de 80% das plantas no estado americano”, conta Juliano Ayres, diretor geral do Fundecitrus.

Perspectiva 2016

Já no Brasil, que exporta 95% do suco processado, a estimativa de produtividade aumentou em relação à previsão do início do ano. Na safra 2015/2016, o Brasil deve colher 286 milhões de caixas de laranja. Volume suficiente para conquistar ainda mais espaço no mercado internacional.