Lagarta-do-cartucho causa perdas de até 100% em lavouras de milho do Centro-Oeste

Por causa da falta de chuvas, infestações têm atingido até áreas onde foi utilizada tecnologia resistente à praga

Lavouras de milho do Centro-Oeste registram quebras de até 100% por causa de ataques da lagarta-do-cartucho. As infestações, que são favorecidas pela falta de chuvas, têm atingido inclusive plantações onde foi utilizada tecnologia resistente à praga.

De acordo com o engenheiro agrônomo Cleubi de Oliveira, a pressão da lagarta sobre os plantios é muito alta. 

“E ela não está comendo só o cartucho. Está entrando no colmo do milho, cortando o ponto de crescimento, e a planta está morrendo”, afirma o agrônomo.

A lagarta-do-cartucho se prolifera mais rapidamente em ambientes secos e com temperatura alta, acima de 25 graus. A chamada “ponte verde”, sequência de cultivos em uma mesma área, facilita o ataque porque reduz o ciclo de desenvolvimento da praga. 

A recomendação técnica para o controle é a prevenção com manejo integrado de pragas e inseticidas fisiológicos para preservar inimigos naturais, como o besouro conhecido como tesourinha.

Distrito federal

Na região do Distrito Federal, a perda estimada nas lavouras é mais baixa do que em outras áreas, ficando em torno de 10%. Mas o que tem chamado atenção é que as infestações, apesar de menores, estão ocorrendo em lavouras onde se utiliza a proteína Bt, que confere resistência à lagarta.

Isso estaria ocorrendo em razão da falta de chuvas, que faz com o metabolismo da proteína se mantenha baixo e ela não consiga se expressar, agindo contra a praga. “A quantidade de lagarta é bem menor, mas ela está atacando todos os híbridos, com tecnologia ou não”, informa Cleubi de Oliveira.

O produtor Valdir Albert Daga já teve quebra de 30% na produção de feijão plantado em 140 hectares da fazenda. Na mesma área, ele quer cultivar o milho resistente a lagartas, mas calcula que terá que investir R$ 100 a mais por hectare com defensivos para impedir o ataque.

“Não tem outro jeito. Se não chover, a tecnologia não vai funcionar e vamos ter que gastar dinheiro para fazer o que ela deveria fazer”, diz Daga.

Com o clima muito seco, é preciso acompanhar a lavoura e fazer as aplicações caso seja constatada a presença acentuada da lagarta, diz o agrônomo Oliveira. “Tem que fazer aplicação, até para ajudar a tecnologia que já foi paga lá atrás – a semente – e conseguir trabalhar com lavoura sadia”.