A balança comercial encerrou 2015 com superávit – quando as exportações são maiores que as importações – de US$ 19,681 bilhões. O saldo anual foi divulgado nesta segunda, dia 4, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O superávit resulta de US$ 191,1 bilhões em exportações e US$ 171,4 bilhões em importações. Foi informado ainda o saldo de dezembro, que ficou positivo em US$ 6,24 bilhões. O resultado superou a previsão do governo, de superávit de US$ 15 bilhões, e é o melhor desde 2011, quando a balança fechou o ano superavitária em US$ 29,7 bilhões.
O saldo representa uma recuperação frente a 2014, quando a balança comercial brasileira terminou negativa em US$ 4 bilhões, primeiro déficit registrado desde 2000.
Apesar do resultado positivo da balança, 2015 foi um ano de queda das vendas do Brasil para o exterior. As exportações registraram retração de 14,1% na comparação com 2014. Nas importações, a queda foi de 24,3%. O superávit da balança comercial deveu-se à queda das importações em ritmo mais acentuado que as exportações. O país desacelerou a compra de bens no exterior devido a fatores como a queda na atividade econômica e o dólar em alta.
Soja
Em 2015, os embarques do complexo somaram 70.704.889 toneladas, um aumento de 16,7% ante o ano anterior (60.588.600 toneladas). A receita totalizou US$ 27,860 bilhões em 2015, 10,9% inferior aos US$ 31,276 bilhões de 2014.
Em dezembro, as exportações somaram 1.937.600 toneladas e US$ 774,6 milhões. Em relação a igual mês do ano anterior, o aumento foi de 80,6% em volume e 45,4% em receita. Na comparação com novembro, as vendas externas diminuíram 27,7% em volume e 26,6% em receita.
Os embarques de soja ao exterior continuam diminuindo com o pico das exportações de milho. A partir de fevereiro, as exportações devem voltar a crescer, com o começo da colheita da safra 2015/2016. No acumulado do ano, o bom desempenho em volume é resultado de uma produção recorde de soja e de um câmbio favorável para exportação. Por outro lado, os preços em dólar diminuíram de um ano para outro.
Em 2015, os embarques de soja em grão somaram 54.324.300 toneladas, 18,9% acima dos 45.692.000 toneladas de um ano antes. Em receita, as exportações somaram US$ 20,983 bilhões no ano passado, queda de 9,9% ante as US$ 23,277 bilhões de 2014. Em dezembro, foram 731.400 toneladas, aumento de 427,7% ante as 138.600 toneladas embarcadas um ano antes. A receita com as vendas externas do grão atingiu US$ 281,7 milhões, crescimento de 282,7% na comparação com dezembro de 2014 (US$ 73,6 milhões). O preço médio do produto exportado foi de US$ 385,2/tonelada em dezembro, ante US$ 530,9/tonelada há um ano. Os dados indicam retração das vendas na comparação com novembro. Enquanto o volume recuou 49,3%, a receita diminuiu 48,9%.
No farelo de soja, as vendas externas somaram 14.826.800 toneladas e US$ 5,821 bilhões, aumento anual de 8,1%, mas queda de 16,9% em receita. Em dezembro, o volume exportado aumentou 20,0%, mas a receita caiu 5,3% na comparação com dezembro de 2014. Os embarques somaram 1.042.700 toneladas, ante 869.100 toneladas em igual período do ano anterior, e a receita chegou a US$ 386,6 milhões, ante US$ 408,2 milhões há um ano. Em relação a novembro, as exportações cederam 7,5% em volume e 11,3% em receita.
Já em óleo de soja, as exportações totalizaram 1.553.789 toneladas em volume, 31,7% acima do ano anterior, enquanto a receita atingiu US$ 1,055 bilhão, crescimento de 5,7% ante 2014. Em dezembro atingiram 163.500 toneladas, 151,2% acima das 65.100 toneladas de dezembro de 2014. A receita somou US$ 106,3 milhões, incremento de 108,8% ante os US$ 50,9 milhões registrados em igual mês do ano passado. Na comparação com novembro, há queda de 46,3% no volume e aumento de 54,4% na receita.
Milho
As exportações brasileiras de milho voltaram a crescer em dezembro e bateram um novo recorde no acumulado do ano, segundo dados do Mdic. Entre janeiro e dezembro de 2015, as exportações brasileiras somaram 28,901 milhões de toneladas, volume 40,1% maior que os 20,635 milhões de toneladas apurados no acumulado de 2014.
Em receita, o resultado foi 31,4% superior, de US$ 4,937 bilhões, ante US$ 3,759 bilhões apurados de janeiro a dezembro de 2014.
Em dezembro de 2015 foram exportadas 6,267 milhões de toneladas, volume 84,1% superior ao apurado em igual mês em 2014, de 3,405 milhões de toneladas, e 31,7% maior que os 4,757 milhões de toneladas de novembro de 2015. O resultado foi impulsionado pela desvalorização do real ante o dólar, que tornou o milho brasileiro mais competitivo no mercado internacional.
A receita, de US$ 1,036 bilhão, foi 67% superior ante a de US$ 620,6 milhões de toneladas de dezembro de 2014 e 29,7% maior do que os US$ 799,1 milhões de toneladas arrecadadas em novembro de 2015. O preço médio da tonelada exportada foi de US$ 165,40, menor que os US$ 168 registrados em novembro de 2015 e do que os US$ 182,20 de dezembro de 2014.
Carnes
Embora os embarques de carne bovina tenham se recuperado nos últimos meses de 2015, o movimento foi insuficiente para atingir o resultado de 2014. Foram exportadas nos 12 meses 1,079 milhão de toneladas, volume 12% menor que o do mesmo período do ano passado (1,226 milhão de toneladas). O faturamento recuou mais (18,6%) para US$ 4,663 bilhões, ante US$ 5,736 bilhões em 2014.
Por outro lado, as vendas de carne de frango foram 8,6% maiores em 2015, somando 3,888 milhões de toneladas, ante 3,577 milhões de toneladas no ano passado. A receita é de US$ 6,23 bilhões, queda de 9,5% (US$ 6,891 bilhões nos 12 meses de 2014).
Também houve avanço no volume de carne suína exportado no ano. Foram 472,7 mil toneladas embarcadas, alta de 6,8% em comparação com as 440,1 mil toneladas de todo ano de 2014. A receita, porém, é 19,1% menor, somando US$ 1,168 bilhão, de US$ 1,446 bilhão.
Açúcar
O Brasil exportou em 2015, 23,427 milhões de toneladas de açúcar bruto e refinado (-2,9%). A receita com os embarques atingiu US$ 7,429 bilhões (-21,1%).
Em dezembro, foram embarcadas 2,842 milhões de toneladas de açúcar bruto e refinado, volume 20,7% maior que as 2,355 milhões de toneladas embarcadas em novembro e 26,4% superior ante as 2,249 milhões de toneladas registradas em igual mês de 2014. Do total embarcado no mês passado, 2,184 milhões de toneladas foram de açúcar demerara e 658,1 mil toneladas, de refinado. A receita obtida com a exportação total de açúcar em dezembro foi de US$ 833,2 milhões, 19,6% maior que a registrada em novembro (US$ 696,7 bilhão) e 1,5% acima dos US$ 820,8 milhões computados em dezembro de 2014.
Etanol
Quanto ao etanol, no ano fechado de 2015, foram exportados 1,861 bilhão de litros de etanol (+33,5%), com receita de US$ 880,7 milhões (-1,9%).
Em dezembro, o volume foi de 286,7 milhões de litros do item, o que corresponde a um aumento de 115,7% na comparação com os 132,9 milhões de litros embarcados em dezembro de 2014. Em relação a novembro último, quando foram embarcados 194,3 milhões de litros, o volume é 47,6% maior.
A receita cambial com a venda do biocombustível alcançou US$ 125,5 milhões em dezembro, avanço de 66% ante os US$ 75,6 milhões registrados em dezembro de 2014. Em relação aos US$ 82,5 milhões de novembro passado, houve avanço de 52,1%.
Café
No acumulado de 2015, a exportação brasileira de café em grão teve queda de 7,2% na receita cambial. O Brasil faturou US$ 5,132 bilhões em comparação com US$ 5,532 bilhões no mesmo período de 2014. O volume embarcado avançou 12%, de 30,021 milhões de sacas para 33,532 milhões de sacas entre janeiro e dezembro deste ano.
No mês de dezembro (22 dias úteis) alcançou 2,977 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde a uma queda de 2,2% em relação a igual mês do ano passado (3,045 milhões de sacas). Em termos de receita cambial, houve queda de 27,8% no período, para US$ 449,8 milhões em comparação com os US$ 623,1 milhões registrados em dezembro de 2014.
Quando comparada com o mês anterior, a exportação de café em dezembro apresenta redução de 4,5% em termos de volume – em novembro os embarques somaram 3,116 milhões de sacas. A receita cambial foi 2,5% menor, considerando faturamento de US$ 461,3 milhões em novembro passado.
Suco de laranja
A receita com exportação de suco de laranja do Brasil em 2015 alcançou US$ 1,893 bilhão, 3,7% abaixo do US$ 1,965 bilhão de 2014. Em volume, as exportações do segmento avançaram 5,2% entre os períodos e atingiram 2,029 milhões de toneladas no ano passado, ante 1,928 milhão de toneladas embarcadas em 2014.
Em dezembro de 2015, o faturamento com as vendas externas despencou 55,87% na comparação com dezembro de 2014, de US$ 264,2 milhões para US$ 116,6 milhões. Houve recuo também em relação a novembro de 2015, de 39,71% sobre os US$ 193,4 milhões registrados naquele mês. O volume de suco de laranja exportado em dezembro foi de 137.200 toneladas, 50,75% menor do que as 278.600 toneladas embarcadas em dezembro de 2014 e ainda queda de 35,28% ante as 212 mil t de novembro de 2015.
As fortes variações positivas e negativas entre os meses são comuns no mercado exportador de suco de laranja. Elas ocorrem principalmente por causa das escalas dos navios cargueiros utilizados para o envio da bebida ao exterior.
O preço médio da tonelada de suco exportada em dezembro foi de US$ 850,10 ante US$ 948,30 em dezembro de 2014 e US$ 912,30 por tonelada em novembro de 2015.
Algodão
Em 2015, as exportações brasileiras de algodão somaram 834,3 mil toneladas em volume e R$ 1,290 bilhão em receita, aumento de 11,5% e queda de 4,9%, respectivamente.
Em dezembro, cresceram 36,9% em volume. Foram embarcadas 150,4 mil toneladas, ante 109,9 mil toneladas em dezembro do ano passado. Já na comparação com novembro deste ano, quando os embarques somaram 100,9 mil toneladas, houve aumento de 49,1%.
A receita com as vendas externas da pluma somou US$ 227,6 milhões, aumento de 24,5% ante dezembro do ano passado (US$ 182,8 milhões) e de 41,4% na comparação com novembro (US$ 161,0 milhões). O preço médio da tonelada de algodão exportada no mês passado foi de US$ 1.513,8, contra US$ 1.663,3 de dezembro de 2014 e de US$ 1.528,0 de novembro deste ano.