Considerada a maior feira de calçados e artigos de couro da América Latina, a Couromoda espera negociar durante o evento e nos próximos três meses cerca de 35% da produção anual do setor no país. A feira, que está em sua 43ª edição, é realizada em São Paulo até esta quarta, dia 13, e ocorre em um cenário de diminuição de abates de bovinos no Brasil, que reduziu a oferta de matéria-prima para as indústrias do segmento.
Mesmo com a diminuição nas vendas de calçados no mercado interno e com a redução de quase 5% nas exportações em 2015, o clima é de confiança entre os representantes da cadeia de artigos de couro. “A feira traz a esperança de ter um 2016 ‘menos pior’ do que 2015, sempre afinando coleção e preço junto ao comprador”, afirma o diretor do grupo Couromoda, Jeferson Santos.
Diante da demanda interna pouco aquecida e do aumento da competitividade do produto brasileiro com a alta do dólar, a aposta agora é nos compradores internacionais, que vêm em busca da qualidade do couro brasileiro. Nesta edição, a feira espera receber dois mil visitantes de 60 países.
A expositora Carmem Lia Castilhos afirma que este é um momento de buscar novos mercados, em função do custo Brasil ter ficado mais baixo do que no ano passado.
Representante de uma multinacional que produz e distribui calçados e acessórios de couro, o chileno Luís Velásques acredita que o Brasil pode gradativamente suprir 5% do que sua empresa atualmente compra da China. “São produtos muito bons, com boa qualidade e bom preço”, afirma.
Uma empresa do interior de Goiás especializada em moda “country” aproveitou a pouca oferta do couro bovino no mercado interno para investir em materiais mais exóticos. A nova aposta da companhia é a bota de couro de pirarucu. “É um couro noto, confortável, com boa resistência e está tendo uma boa aceitação”, diz o gerente comercial Cristiano Brasil.
Matéria-prima
Entre janeiro e setembro de 2015, os abates de bovinos no país registraram queda de quase 10%, em comparação com o mesmo período de 2014. A redução teve impacto não apenas sobre a oferta de carne, mas também sobre o couro, hoje bastante disputado por um mercado que mira as exportações.
Apesar do encolhimento da oferta, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein sustenta que o setor continua encontrando nos curtumes nacionais o que precisa para produzir com qualidade e competitividade.
Klein afirma que os curtumes têm suprido as demandas das indústrias de calçados e de estofados em volume crescente. Além disso, boa parte do couro brasileiro também pode ser exportada. Segundo o presidente da Abicalçados, o embarque de produtos de maior valor agregado tem aumentado a participação em relação à exportação de matéria-prima.