Efeitos climáticos causaram 'perdas irreversíveis' e atrasos nas safras

Secas e chuvas em excesso preocuparam produtores

Fonte: Dirceu Gassen/Divulgação

Os efeitos do El Niño prejudicaram o início da safra brasileira de soja 2015/2016, impactada pela seca em áreas do Centro-Oeste e Nordeste. Lavouras precoces sofreram com um período de chuvas abaixo da média e mal distribuídas, entre novembro e dezembro, enquanto parte das lavouras plantadas no calendário correto, entre o final de setembro e começo de outubro, terá produtividade reduzida. 

De acordo com a Agroconsult, algumas regiões sofreram perdas “irreversíveis”, enquanto outras terão que lidar com atrasos, como expõe André Pessôa, sócio diretor da consultoria.  “Algumas regiões específicas – como o Médio Norte, o Oeste e o Nordeste do Mato Grosso – sofreram bastante e registram perdas irreversíveis. Em outras regiões, o plantio sofreu atraso de mais de 30 dias”.

No Sul, o excesso de chuvas está atrapalhando as colheitas e seu impacto no surgimento da ferrugem é preocupante. “Até o momento, os resultados são bons, mas os produtores ainda sentem a ameaça do excesso de chuvas no momento da colheita”, diz Pessôa.

A safra de soja ainda está em desenvolvimento na maioria das regiões. Com a volta das chuvas no Nordeste, as lavouras podem apresentar o mesmo potencial da safra passada. Situação semelhante acontece em Goiás e Mato Grosso do Sul.

A perspectiva inicial da Agroconsult é de uma safra de soja com 99,2 milhões de toneladas, crescimento de 2% em relação à safra passada (97,2 mmt.). A área plantada é estimada em 32,9 milhões de hectares ou 3% superior à passada (32,1 milhões de hectares). “O Mato Grosso, com viés de baixa, pesa muito nos números. Caso haja perda de uma saca por hectare no estado, a perda total será de 546 mil toneladas. Goiás, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina apresentam viés de alta e alguns estados caminham para a definição, como Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Temos ainda os atrasados, como o Leste do Mato Grosso, Noroeste de Minas Gerais, Oeste da Bahia, Sul do Maranhão e Piauí. Os demais estados são neutros e não esperamos mudanças significativas daqui pra frente”, complementa o sócio diretor da consultoria.

Porém, há um ponto positivo nesta safra: a redução no número de aplicações contra pragas e doenças – de 1 a 1,5 aplicação, se comparada com o mesmo período do ano passado. “É preciso olhar com atenção esse ponto positivo que é a redução de custo com defensivos. E este foi o primeiro ano com forte impacto da soja Intacta, ajudando na redução da pressão das lagartas”, afirma Pessôa.
 
Milho

Em relação ao milho, a expectativa de que o atraso do plantio e da colheita da soja pudesse atrapalhar a implantação de milho safrinha não se confirmou. 

A perspectiva para a safra de milho verão é de 27,9 milhões de toneladas, volume 7% inferior ao da safra passada (30,1 milhões de toneladas), com redução de 8% na área plantada, chegando a 5,7 milhões de hectares.

Na segunda safra, a expectativa é de 57,7 milhões de toneladas, com aumento de 6% sobre a safra passada (54,6 milhões de toneladas). A área plantada deverá registrar crescimento de 9%, chegando a 10,5 milhões de hectares. A safra total estimada é de 85,6 milhões de toneladas, contra 84,7 milhões de toneladas da safra 2014/15.