Especialistas defendem maior acesso do produtor aos contratos de opção

Plano de Ação do Agronegócio deseja que o governo incentive o produtor a investir nas bolsas de mercadorias, pois o benefício será revertido na própria economia brasileiraO Plano de Ação do Agronegócio, elaborado por especialistas do setor, prevê mudanças que favoreçam a participação dos produtores no mercado de capitais. Esse é o assunto da última reportagem sobre comercialização agrícola da série Plano de Governo. Para fazer um contrato de opção na bolsa de mercadorias, o produtor precisa pagar um prêmio para a empresa que lançou a opção. O sistema, comum nas negociações comerciais do agronegócio, ainda é restrito a poucos produtores.

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Para o seguro rural, o governo brasileiro concede uma subvenção ao produtor, pagando, em média, 50% do prêmio. O mesmo mecanismo deveria valer para o produtor que quer comprar um contrato de opção nas bolsas de mercadorias e futuros e em mercados de balcão. Essa é a opinião do especialista em mercado e diretor-geral da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), Ivan Wedekin.

– Se o governo passa a subsidiar a compra de um contrato de opção na bolsa, ele acaba incentivando mais lançadores a disponibilizarem opções para outros agricultores – ressalta Wedekin.

O professor Pedro Marques, doutor em economia agrícola, lembra que o mercado de opções é relativamente novo no Brasil e que poucos produtores usam esse mecanismo, seja por falta de conhecimento, seja por que não têm condições financeiras. O prêmio para os contratos de opções ainda é caro, segundo Marques. Poucos conseguem pagar. Um subsídio poderia ser a solução, mas a interferência do governo pode atrapalhar também.

– Tudo isso era possível. Até alguns anos atrás, existia um fundo que se chamava Funcafé, que você planta e uma porcentagem da sua produção fica neste fundo, parte do recurso vai parar financiar o mercado de futuro e opções. Hoje, não está funcionando direito. Nós ficamos nessa encruzilhada, quando a iniciativa privada começa a se movimentar para criar instrumentos para garantir o produtor rural, chega o governo e intervém – explica o professor da Esalq-USP.

No Plano de Ação do Agronegócio, que será apresentado aos candidatos à Presidência da República, a subvenção aos contratos de opção faz parte de um conjunto de propostas sobre seguro de produção e preços. O texto do documento sugere que o governo estimule a utilização de mecanismos de hedge de preços, ou seja, de proteção através dos contratos futuros e de opções.

Sobre o tema, a proposta é de que seja instituída a subvenção pelo Tesouro Nacional na aquisição dos contratos de opções, tanto por produtores quanto por cooperativas em bolsa de mercadorias e futuros e, também, em mercados de balcão organizados, sob a supervisão da Comissão de Valores Imobiliários.

– O governo, fazendo subsídio para o agricultor comprar um contrato de opção na bolsa, está garantindo um determinado nível de preço. No final, acaba saindo mais barato para o governo – reforça Wedekin.

Os resultados no cofre do Tesouro não aparecerão em curto prazo, mas os especialistas apostam que o governo sentirá a diferença no período máximo de 10 anos. É o tempo estimado para que o investimento traga benefícios para a economia. Com mais incentivo, o produtor usará melhor os mecanismos de comercialização e, por consequência, se tornará mais competitivo.

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