O aeroporto de Brasília (DF) ganhou uma ajuda extra na hora de identificar produtos possivelmente contaminados que chegam na bagagem de quem entra no país. O labrador Romeu está em treinamento para ajudar os profissionais do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e é o primeiro cão do Brasil a trabalhar com este tipo de fiscalização. A previsão é que o treinamento termine em março. No total, a preparação leva de seis a oito meses.
O labrador tem uma rotina composta por brincadeiras, uma forma de recompensá-lo quando o trabalho é feito corretamente, e está sendo treinado para identificar 15 cheiros diferentes. Se há alguma mala com conteúdo suspeito, o cão senta, um sinal para que o fiscal examine a bagagem. Ele ajuda a identificar se frutas, carnes, queijos, plantas ou até animais de companhia possuem alguma doença.
“A peste suína africana, por exemplo, e a febre aftosa são catastróficas. Se chegar até nossas exportações… Vêm os embargos internacionais, problemas diplomáticos, o desemprego”, informa o professor de medicina veterinária da Universidade de Brasília (UnB), Cristiano Melo, ressaltando a importância do trabalho do labrador.
Para o fiscal federal agropecuário Márcio Micheletti, a presença de Romeu “vai ser boa para todo mundo”. Ele afirma que o cão também ajudará os passageiros a economizarem tempo ao “evitar que os agentes abram malas desnecessariamente”.
Porém, a fiscalização com a ajuda de cães farejadores não é bem vista por todos os setores. Para o consultor da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e ex-secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Ênio Marques, a tecnologia atual nos portos de entrada e saída do país dispensa a necessidade dos animais. Marques acredita que, no caso das bagagens acompanhadas, o risco não está presente nas malas, mas em quem as transporta.
“O risco não é a bagagem. São alguns que se movimentam e podem trazer uma sementinha, alguma coisa que o cachorro ou o escâner não vão pegar, eu sou cético nisso”, opina.
Transporte correto
De acordo com a Vigiagro, em média, 150 toneladas de produtos são apreendidas por ano. Os materiais são inutilizados para consumo na frente do passageiro e depois seguem para incineração. Porém, já tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que pretende punir com multa os reincidentes neste tipo de atividade.
A fiscal federal agropecuária Diana Garcia explica que é possível trazer produtos estrangeiros para o Brasil, como laticínios e embutidos, porém, eles precisam ter uma autorização.
“O Ministério da Agricultura não quer que você traga uma coisa que faça mal para você ou para seu país. Então quer trazer? Vai na Superintendência Federal de Agricultura mais próxima do seu estado e diz que quer trazer determinado produto. Lá terá todo o procedimento para a importação legal dele”, informa.