A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu prazo para consulta pública de mais três agrotóxicos que estão em processo de reavaliação desde 2008: carbofurano, tiram e lactofem. Os produtos integram uma lista com oito defensivos que passam por reanálise no órgão, onde também estão o herbicida glifosato e o paraquate. A parationa metílica e forato já foram banidos do mercado brasileiro e a abamectina ainda não tem parecer técnico para consulta pública.
O diretor da Anvisa, Ivo Bucaresky, é relator dos processos de reavaliação do tiram (fungicida utilizado no tratamento de sementes de algodão, amendoim, arroz, aveia, cevada, ervilha, feijão, milho, pastagens, soja, sorgo, trigo e no solo na cultura de batata) e do lactofem (herbicida usado em aplicações de pós-emergência das plantas infestantes na cultura de soja). Em ambos os pareceres técnicos, ele é favorável à manutenção dos registros dos produtos no país, pois acredita que não há evidências suficientes que comprovem efeitos negativos do uso dos produtos.
Em relação ao tiram, Bucaresky coloca que estudos realizados com o agrotóxico não comprovam que ele seja “mutagênico, tóxico reprodutivo, teratogênico ou desregulador endócrino, motivações que deram origem a essa reavaliação”. Para o lactofem, o diretor da Anvisa afirmou que agência “entende que, à luz do conhecimento científico atual envolvendo carcinogenicidade e efeitos reprodutivos do lactofem, não há embasamento técnico suficiente que possa fundamentar a evocação ao Princípio da Precaução”. O prazo das consultas desses dois produtos vai até o dia 7 de março.
Já o diretor José Carlos Magalhães da Silva Moutinho sugere o banimento do carbofurano do mercado brasileiro. No parecer técnico de reavaliação, Moutinho argumenta que o produto (inseticida, cupinicida, acaricida e nematicida aplicado no solo nas culturas de algodão, amendoim, arroz, banana, batata, café, cana-de-açúcar, cenoura, feijão, fumo, milho, repolho, tomate, trigo e sementes de algodão, arroz, feijão, milho e trigo) já foi banido ou está em reavaliação em vários países do mundo. Ele constata que o agrotóxico pode causar mutações, “provocar danos ao aparelho reprodutor e (se revela) mais perigoso ao homem do que os testes de laboratório com animais tenham podido demonstrar”. O prazo da Consulta Pública do carbofurano será encerrado no dia 25 de fevereiro.