Técnica israelense pode dobrar produtividade

O cultivo protegido tem agradado produtores, que relatam safras mais fartas e com maior qualidade

Fonte: Canal Rural

Produtores rurais estão investindo no cultivo protegido, técnica desenvolvida em Israel para acelerar a precocidade da planta e até dobrar a produtividade. A tecnologia melhorou os resultados principalmente na produção de frutas e hortaliças, mais sensíveis à intensidade do clima e à ação de predadores. 

O procedimento salvou o produtor de uva Agenor Dametto em 2014, quando a seca comprometeu a safra e o fez buscar ajuda especializada. “O clima estava muito ruim, muito intenso. Foi a hora que eu pensei em colocar a tela para ajudar a quebrar o sol, que estava muito quente.”

A técnica consiste em envolver a produção com uma tela, que serve de proteção contra raios ultravioletas. O sombrite, como é chamado pelos produtores, é preso com arames e fixado no solo com pequenos postes de eucalipto. Segundo Dametto, o investimento foi de R$ 80 mil e demorou 15 dias para ficar pronto.
    
A escolha do tipo de tela deve ser de acordo com o clima da região. No caso da plantação de uva de Dametto, a instalação da vermelha foi proposital, pois a cor acelera a fotossíntese da planta. O material também protege a plantação contra a chuva, o sol e os predadores que danificam os frutos. Se aplicada de forma correta, a técnica israelense pode aumentar a produtividade de algumas culturas em até 50%.

O engenheiro agrônomo Altair Zotti explica que o cultivo protegido é cada vez mais utilizado devido às mudanças climáticas. Ele explica que a cor de tela vermelha, por exemplo, é benéfica porque  “potencializa, incrementa 30% a mais de luz benéfica para planta”.

De acordo com Dametto, a produção de uva aumentou em até 50% e a qualidade da fruta também melhorou após a implementação da técnica. “Estou com duas colheitas enormes depois que eu coloquei a tela e esse ano vai ser melhor”, elogia o produtor.

O manejo tem se mostrado eficaz também na produção de orgânicos. Um sítio da região metropolitana de São Paulo cultiva duas variedades de pimentões, que se adaptaram bem ao procedimento israelense.

Marcos Antônio Ary, engenheiro agrônomo, explica que “além da produtividade, (a técnica) agregou valor ao produto. Os pimentões que saem daqui estão cada vez mais robustos e saborosos”. O resultado é uma produtividade que passa de uma tonelada por mês em alguns períodos do ano.