A consultoria INTL FCStone estimou nesta terça-feira, dia 16, que o processamento de cana-de-açúcar pelas usinas e destilarias do Centro-Sul do Brasil deve crescer 3,2% na safra 2016/2017 e atingir 619 milhões de toneladas.
“Esperamos que neste ano o clima seja melhor para a moagem, com menos paradas durante a safra, principalmente porque os meteorologistas projetam o fim do El Niño ao longo do primeiro semestre”, explicou, em nota, o analista João Paulo Botelho. Esta é a primeira projeção feita pela consultoria para o ciclo que se inicia em abril.
Conforme a INTL FCStone, é provável que ocorra melhora na concentração de açúcares, também devido ao clima relativamente mais seco – o El Niño provoca chuvas acima da média no Centro-Sul do país. A estimativa para o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) é de 134,8 kg por tonelada de cana processada, 2,6% acima do registrado em 2015/2016, mas ainda assim 1,5% abaixo da média das cinco temporadas anteriores.
Para o açúcar, deve ser destinado 42,8% da oferta de matéria-prima (ante 40,9% em 2014/2015), com produção de 34 milhões de toneladas (+10,8%).
“Com a alta do dólar e a recuperação nas cotações do açúcar na Bolsa de Nova York a partir de setembro passado, o preço do adoçante no mercado internacional (transformado em reais) subiu mais de 40% nos últimos meses em relação ao mesmo período no ano anterior, o que levou muitas usinas a fixarem quantidades maiores das exportações do produto”, disse Botelho.
De acordo com o analista, o aumento do mix só não será maior porque parte significativa das usinas ainda está em condição financeira desfavorável, o que deve continuar incentivando a venda de etanol hidratado, que oferece remuneração mais rápida.
Com relação à participação do etanol na produção, parte do aumento da disponibilidade de ATR deve ser destinado à produção de etanol hidratado, com projeção de volume total de 17,6 bilhões de litros (+4,5%).
“O maior volume de hidratado deve deslocar parte da demanda por gasolina C e, portanto, reduzir a procura por anidro”, disse Botelho. Misturado em até 27% à gasolina, o anidro deve ter produção de 10,4 bilhões de litros (-1,6%), fazendo com que a fabricação total de etanol alcance 28 bilhões de litros em 2016/17 (+2,1%).