Parceria desenvolverá cana transgênica 25% mais produtiva

Iniciativa deve revolucionar setor sucroalcooleiro daqui a uma décadaUnir os 40 anos de experiência do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), referência mundial quando se fala em pesquisas e desenvolvimento da cana-de-açúcar, com uma das líderes mundiais na área de biotecnologia, a multinacional alemã Basf.

A parceria deve revolucionar o setor sucroalcooleiro daqui a uma década. O foco é aumentar a eficiência das lavouras de cana. O anúncio foi feito nesta terça, dia 4, em Piracicaba, no interior de São Paulo.

? Da mesma forma que outras áreas da agricultura, como a soja e o milho no Brasil, que já se beneficiam de biotecnologias, a cana-de-açúcar também passa a se beneficiar ? diz o gerente de desenvolvimento estratégico do CTC.

As pesquisas vão ser realizadas em uma estufa de quase 10 mil metros quadrados. O principal objetivo é desenvolver variedades de cana-de-açúcar geneticamente modificadas 25% mais produtivas, resistentes a herbicidas e tolerantes a seca. Com isso, será possível saltar de uma média atual de 80 toneladas de cana por hectare para 100 toneladas por hectare. A expectativa é de que essas novas cultivares cheguem ao mercado num período entre sete e 10 anos.

? Imagina-se com os mesmos hectares aumentar a produtividade em 25%. Significa que nós poderíamos pegar a frota do Brasil de carros novos nesse momento e aumentar em 25%, sem precisar aumentar um hectare de espaço para produzir energia limpa ? explica o vice-presidente da Divisão de Proteção de Cultivos na América Latina da Basf, Walter Dissinger.

No processo, a multinacional alemã fornece os genes. No CTC é feita a transformação genética com algumas variedades. As novas cultivares devem ser testadas em seis ambientes de produção. Então devem ser realizados os estudos para conseguir o registro e a liberação junto à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para a comercialização.

Desde 1997, o CTC é credenciado pela CTNBio para desenvolver cana transgênica. Nesta parceria, não foram divulgados os valores de investimento.

? Nós temos hoje um grande foco em colocar o orçamento do CTC em biotecnologia, porque a gente acha realmente que essa tecnologia vai ser um diferencial para o Brasil no futuro. Queremos usar o melhor do que tem no Brasil em biotecnologia ? acrescenta o diretor superintendente do CTC, Nilson Boeta.

Atualmente, um dos grandes desafios da agricultura é a demanda global por energia. Por isso, as companhias estão investindo nessa área.

? É fundamental no setor agrícola estar contribuindo com isso e aproveitar o potencial desse mercado ? conclui o gerente de biotecnologia da Basf, Luiz Carlos Louzano.