A baixa demanda interna pela carne bovina fez o preço da carne cair 3% nos últimos 30 dias. Nesse cenário, os frigoríficos pressionam os criadores a receberem menos pela arroba do boi. Com o impasse entre as duas partes, o mercado tem ficado paralisado. O volume de negócios em algumas praças do país caiu cerca de 15% nas últimas semanas.
O pecuarista Ademir Caldana, de Boituva (SP), não vendeu animais para abate nesta semana, decidido a analisar o momento antes de fazer qualquer negociação. Segundo ele, como o gado de reposição está em falta, os criadores que podem estão segurando ao máximo seus animais, mesmo com a pressão das indústrias.
“Vai de cada um, dependendo do poder aquisitivo. Nós vamos tentar segurar (os animais) o quanto pudermos. Mas quando tem as contas para pagar, você é obrigado a vender”, afirma o pecuarista.
A resistência do pecuarista em negociar a arroba a preços mais baixos pode ser pela lucratividade da atividade em 2015. Mesmo com os valores negociados em patamares históricos, a maioria alega que as cotações praticadas não compensaram os custos de produção.
Ademir Caldana reclama dos custos altos, e a indústria alega falta de matéria-prima no mercado, problemas logísticos causados pela chuva e baixo consumo do mercado nacional. Desde o ano passado, diversos frigoríficos paralisaram os abates e agora muitos já anunciam férias coletivas forçadas.
Nos próximos dois ou três, o mercado deve manter o preço para o boi gordo mais baixo do que o habitual, na opinião do analista de mercado da Informa Economics FNPJosé Vicente Ferraz. Ainda assim, diz ele, os valores estarão num patamar historicamente elevado, com a indústrias pressionada na sua margem nas vendas do mercado interno.
“Isso logicamente vale para os frigoríficos exportadores. A margem é boa, mas os frigoríficos de mercado interno vão continuar tendo dificuldade”, afirma Ferraz.