Governo confirma Lula na Casa Civil

Acerto foi fechado em reunião com a presidente Dilma Rousseff, o ministro Nelson Barbosa e  o novo chefe de gabinete da Presidência, Jaques Wagner, no Palácio da Alvorada, na manhã desta quarta, dia 16

Fonte: Ricardo Stuckert/Institulo Lula

O governo comunicou oficialmente a nomeação do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil. A nota, divulgada na tarde desta quarta, dia 16, informa que Jaques Wagner deixará a pasta e assumirá a chefia do Gabinete Pessoal da Presidência da República. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT/CE), já havia afirmado a decisão de Lula em sua conta pessoal de no Twitter, na manhã de hoje.

Depois de mais de quatro horas de conversa na noite de ontem, dia 15, a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltaram a se reunir no Palácio da Alvorada nesta manhã. Lula chegou por volta das 9h, para aceitar o convite e integrar o governo. Também estão no Alvorada o ministro Jacques Wagner e os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Educação, Aloizio Mercadante.

Lula chegou a Brasília no meio da tarde de ontem e, antes de se reunir com a presidente, recebeu alguns parlamentares petistas no hotel em que está hospedado. De acordo com o senador Lindberg Farias (PT/RJ), que esteve no encontro, a ocupação de um ministério por Lula “aumenta muito a articulação política do governo” e faria com que o governo saísse “fortalecido na batalha do impeachment”.

Segund a nota do Planalto, o deputado federal Mauro Ribeiro Lopes também assume como ministro de Estado chefe da Secretaria de Aviação Civil.

Repercussão

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, avaliou como “uma péssima notícia” a ida do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil. “O agronegócio já corre riscos de clima e de mundo, como protecionismo. Se entrarmos de novo em uma aventura heterodoxa, o setor não vai aguentar. Tenho dificuldades de entender o que vai ser deste governo, em que você não sabe mais quem manda, se vai mudar alguma coisa. Para mim, é um projeto de autodefesa de Lula e Dilma”, concluiu Corrêa Carvalho.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou uma nota intitulada “Contra a irresponsabilidade política e as soluções casuísticas”. O comunicado foi divulgado minutos depois de o Palácio do Planalto confirmar Lula como ministro. A entidade declarou que tem a obrigação de “expressar as preocupações dos produtores rurais diante das graves dificuldades que vive o país”.

Na nota, a CNA afirmou que o agronegócio é o único segmento da economia brasileira a apresentar crescimento e a mostrar desempenho superavitário na balança comercial e, diante disso, “o setor se credencia a alertar para o desastre iminente”. Para a CNA, nada está sendo feito para corrigir os problemas da economia. “A irresponsabilidade política e as soluções casuísticas parecem aspirar apenas à própria sobrevivência, sem mais nenhum propósito de resolver os verdadeiros problemas do País e das pessoas”, disse a entidade no comunicado.

O diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, avaliou que, se o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva influenciar por uma mudança na política econômica poderá ocorrer uma “destruição do valor monetário do real”, com depreciação da divisa ante o dólar. “Para um setor como o sucroenergético, que tem endividamento de R$ 100 bilhões e 42% da dívida em dólar, isso é muito ruim”, exemplificou.

Na avaliação de Corrêa, caso Lula adote alguma “maluquice”, como tentar utilizar as reservas internacionais em dólares, o Brasil perderá mais graus de investimento e “o dinheiro que vem pra cá começará a escassear”.