Cresce oferta de açúcar e preço não reage

Grande parte das usinas do estado de São Paulo já iniciou a moagem da cana-de-açúcar da safra 2016/2017

Fonte: Roberta Silveira/Canal Rural

A maior oferta de açúcar cristal, resultante da soma da safra 2016/2017 ao volume remanescente da temporada anterior, não tem gerado queda significativa dos preços. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), grande parte das usinas do estado de São Paulo já iniciou a moagem da cana-de-açúcar da safra 2016/2017, que tem sido favorecida pelo clima firme. 

Nesta segunda, dia 11, o Indicador Cepea/Esalq do açúcar cristal cor Icumsa entre 130 e 180, mercado paulista, fechou a R$ 75,66 asaca de 50 kg, pequena baixa de 1% em relação à segunda anterior.

A boa evolução do processamento no Centro-Sul brasileiro, inclusive, tem resultado em quedas nos valores do açúcar na Bolsa de Nova York (ICE Futures), ainda que estejam mantidas as perspectivas de déficit global.

Etanol

Os etanóis apresentaram desvalorizações expressivas na última semana no mercado paulista. De acordo com pesquisadores do Cepea, o avanço na produção somado ao interesse das usinas em liquidar o combustível da safra passada influenciaram diretamente nesse cenário.

Representantes de usinas foram mais flexíveis nos valores pedidos para “fazer caixa”. Entre 4 e 8 de abril, no estado de São Paulo, o Indicador Cepea/Esalq semanal do hidratado foi de R$ 1,4329/l (sem impostos, a retirar), queda de 13,4% frente à semana anterior, quando o combustível já havia se desvalorizado 10%. O Indicador do anidro chegou a cair 17,95%, indo para R$ 1,6465/l (sem impostos, a retirar). Nesse mesmo período, informações publicadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que o preço médio pago pelos consumidores no estado permaneceu estável em R$ 2,70 o litro.

Conforme a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil em março somou 2,24 bilhões de litros, 13,42% abaixo dos 2,57 bilhões de litros verificados em igual mês do último ano.

O recuo decorreu principalmente da queda superior a 20% nas vendas domésticas de hidratado no mês: 1,12 bilhão de litros agora contra 1,45 bilhão de litros há um ano. Em sentido contrário, as vendas internas de anidro aumentaram 16,21%, para 1 bilhão de litros.

Apesar da retração nas vendas de março, no acumulado de 1º de abril de 2015 até 31 de março de 2016, o volume comercializado pelas usinas e destilarias do Centro-Sul somou 29,27 bilhões de litros, com crescimento de 16,26% sobre a safra 2014/15 (25,18 bilhões de litros). Desse volume, 27,34 bilhões de litros destinaram-se ao mercado interno, sendo 17,34 bilhões de litros referentes ao etanol hidratado (+23,34%). Os 10 bilhões de litros restantes correspondem às vendas domésticas de anidro, praticamente estável ante os 9,62 bilhões de litros do ciclo anterior.

Para o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, a expectativa é de que as vendas de etanol hidratado se recuperem a partir das próximas semanas. “Isso só não aconteceu até agora porque não houve repasse da queda dos preços do produtor para a bomba. Enquanto o preço nas usinas paulistas caiu mais de R$ 0,50 por litro nas últimas quatro semanas, o valor pago pelos consumidores nos postos não sofreu nenhuma alteração”, disse.