O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de abril estima uma safra de 205,4 milhões de toneladas em 2016, um recuo de 1,9% em relação à produção de 2015, quando totalizou 209,4 milhões de toneladas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça, dia 10. O montante ainda foi 2,2% menor que o previsto em março, com 4,6 milhões de toneladas a menos.
A estimativa da área a ser colhida pelos produtores agrícolas brasileiros em 2016 é de 58,5 milhões de hectares, um crescimento de 1,6% em relação a 2015, quando foi de 57,6 milhões de hectares.
Em relação à estimativa de março, a área aumentou 0,3%. O arroz, o milho e a soja – os três principais produtos da safra nacional, responderam por 87,1% da área a ser colhida e 92,9% da estimativa da produção. Na comparação com 2015, houve acréscimo de 2,9% na área da soja e avanço de 2,9% na do milho. A área de arroz, porém, teve redução de 7,7%.
Quanto à produção, houve aumento de 1,3% para a soja, mas diminuição de 7,6% para o arroz e queda de 5,0% para o milho.
Revisões
As revisões na produção nacional de soja e de milho 2ª safra foram as principais responsáveis pela redução na estimativa da safra de grãos em 2016. O volume produzido em todo o país este ano será 1,9% menor que o da colheita recorde registrada em 2015, o equivalente a menos 4 milhões de toneladas.
Em relação ao levantamento de março, a produção de soja será 1,7% inferior, enquanto a de milho 2ª safra está 4,5% menor do que a previsão anterior.
Outras reduções significativas em abril ante março foram nas plantações de feijão 3ª safra (-0,9%), feijão 1ª safra (-1,2%), mandioca (-1,2%), café canephora (-4,3%), algodão herbáceo (-8,4%), cevada (-17,6%) e triticale (-18,4%). Na direção oposta, houve melhora nas previsões para o sorgo (4,8%) e o cacau (3,6%).
Soja
A produção nacional do oleaginosa ainda será recorde em 2016. A área a ser colhida soma 33 milhões de hectares, o equivalente a uma produção de 98,5 milhões de toneladas, 1,3% maior que a safra de soja de 2015.
Mato Grosso lidera a produção nacional, com 28% de toda a safra do grão. No entanto, o estado espera colher 27,6 milhões de toneladas, 1% a menos do que o informado no mês de março. A avaliação de abril também trouxe reduções para as expectativas de produção do Maranhão (-29,8%) e da Bahia (-8,6%).
“As quedas mais acentuadas foram no Maranhão e na Bahia, mas há pequenas perdas em vários estados. O Mato Grosso (principal produtor) também teve perda”, observou o gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Mauro Andreazzi.
A estiagem prejudicou o rendimento das lavouras de soja no Maranhão, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em Goiás, a seca chegou mais tarde e afetou a plantação de milho segunda safra.
“Em Goiás, em 2015, a estiagem foi mais cedo e pegou a soja. Este ano, a estiagem veio mais tarde, então a soja não teve problema, mas pegou o milho 2ª safra”, disse Andreazzi. “A estiagem pegou o milho na fase em que ele precisa de mais água”, acrescentou.
No total, a produção de soja será 1,7 milhão de toneladas inferior ao previsto em março. Mas a revisão foi maior para o milho 2ª safra, com 2,5 milhões de toneladas a menos que na estimativa anterior, queda de 4,5%.
“Houve aumento na área plantada. O que caiu foi a produtividade. O preços estão excelentes. Então não é questão de preço, a área plantada está até maior. A questão é climática”, explicou o gerente do IBGE.
Trigo
A produção de trigo deve ser 4,7% maior em 2016, embora a previsão seja de área plantada 5,5% menor do que no ano anterior.
Os produtores vêm de dois anos de perdas na lavoura, devido ao excesso de chuvas e à geada na floração. Embora a estimativa para a produção de trigo em 2016 ainda se baseie nas intenções de plantio, a produtividade deve ser 10,7% superior ao de 2015.
“A área de trigo está diminuindo porque o produtor plantou mais milho. Mas o rendimento está maior, porque no ano passado as lavouras do Paraná e do Rio Grande do Sul quebraram”, explicou Andreazzi.
A safra nacional de trigo deve alcançar 5,6 milhões de toneladas este ano. Mas o montante provavelmente sofrerá revisão, porque produtores do Paraná estão apostando no plantio de milho segunda safra, que está com preços mais atraentes.
“É capaz de o produtor não investir em trigo se essa fase da colheita do milho se prolongar muito. Tem lugar do Paraná que faz a dobradinha soja/trigo. Agora estão fazendo soja/milho. O milho está com preço bom, o produtor plantou mais. Mas o milho tem um ciclo longo, de cinco meses, então não dá tempo de cultivar o trigo, porque senão ele colhe na época da chuva”, ponderou Andreazzi.
Algodão
A produção nacional de algodão herbáceo em caroço em 2016 está estimada em 3,6 milhões de toneladas, uma redução de 8,4% ante a previsão do mês anterior. O recuo foi reflexo da queda de 7% na produtividade média nacional (3.628 kg/ha) no mesmo período. As estimativas de área plantada e área a ser colhida também diminuíram – 1,4% e 1,5%, respectivamente.
A Bahia, o segundo maior produtor nacional, teve a maior influência sobre as perdas. O estado estima que a produção caia 27,9%, para 857,2 mil toneladas, como consequência do rendimento médio da lavoura (2.908 kg/ha), afetado pela seca.
Cacau
Na direção oposta, a estimativa de abril para a produção de cacau alcançou 263,638 mil toneladas, 3,6% maior que a de março. As projeções para área plantada e área a ser colhida aumentaram em 1,2% e 1,1%, respectivamente. A previsão de produtividade média esperada cresceu 2,6%, para 402 kg/ha.
Os dados refletem as estimativas do Pará, que tiveram aumento de 5,1% para a área plantada e de 3,9% para o rendimento médio, além de incremento de 9,2% para a produção ante a previsão do mês anterior.
Café
O Brasil deve colher este ano três milhões de toneladas de café ou 49,9 milhões de sacas de 60 kg. A previsão é que a espécie arábica responda por 78,9% desse montante e o robusta, por 21,1%.
Segundo o IBGE, as condições climáticas permaneceram favoráveis nas principais regiões produtoras do café arábica em Minas Gerais, o que fez a entidade elevar a estimativa de produção do país em 0,4% em relação à previsão de março. Minas é o maior produtor brasileiro e responsável por 68,4% do total a ser colhido nesta safra 2016.
Quanto ao café robusta, o Espírito Santo informou uma redução de 6,6% em sua estimativa de produção em relação à anterior, devido a uma queda de 6,5% no rendimento médio das lavouras. O estado, que responde por 67,3% da safra nacional, deve colher uma safra de 425 mil toneladas ou 7,1 milhões de sacas de 60 kg. A produção brasileira da espécie foi projetada em 631,6 mil toneladas, ou 10,6 milhões de sacas de 60 kg em 2016.
Veja também a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento divulgada nesta terça, dia 10
Os cálculos da Conab e do IBGE são feitos com base em metodologias diferentes e por isso apresentam dados próprios. O IBGE trabalha com anos civis, enquanto a Conab pesquisa o ano-safra, que vai de um determinado mês do ano anterior a outro mês do ano seguinte. O IBGE também inclui, nos levantamentos, culturas que não integram as pesquisas da Conab.