Economistas alertam que recuperação industrial deve ser lenta

Setores de metalurgia, máquinas e equipamentos ainda demoram a dar sinais positivos.A recuperação do setor industrial brasileiro deve ser lenta e não vai ocorrer em todos os setores. O alerta foi feito por economistas que participaram de reunião do Conselho de Planejamento Estratégico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio) realizado nesta sexta, dia 21, na capital paulista.

Uma das conclusões dos economistas é de que os setores de metalurgia, máquinas e equipamentos ainda demoram a dar sinais positivos. Já a agroindústria, tem uma recuperação parcial, sustentada pelo preço das commodities agrícolas e não pelo crescimento econômico dos mercados.

? Não há uma recuperação sustentada da economia global. Os Estados Unidos têm uma evolução muito lenta no seu ritmo de atividade. A economia norte-americana patina e a economia chinesa dá mostras de uma fadiga ? diz o economista Fábio Silveira.

? O Brasil tem sido beneficiado, o setor agrícola e a agroindústria também, pelo enigma chinês. Pelo fato da China estar sustentando uma taxa calculada em 8%, maior do que eu previa. Agora isso tem uma explicação. Sabemos que a China está tomando anabolizantes, se fosse um competidor ela estaria fora da Olimpíada. Quando esse efeito colateral vier, ele trará um amortecimento, uma redução da intensidade da demanda produzindo um impacto sobre os preços dessa agroindústria ? explica o presidente do Conselho, Paulo Rabello de Castro.

O setor de alimentos e bebidas, menos atingido pela crise, apresenta crescimento , mas ainda de forma lenta. Para o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida, este dado mostra que a população manteve o seu poder de compra e continua adquirindo os produtos considerados essenciais para a sua sobrevivência.

No primeiro semestre deste ano, a produção industrial no país teve queda de 13%. De acordo com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a produção de artigos de borracha e plástico, minerais não-metálicos, metalurgia básica e máquinas e equipamentos são setores da indústria que continuam com uma quebra estrutural.

Apesar da redução dos juros e da expansão do crédito, a Fiesp aponta para uma queda de 7,5% na produção industrial em 2009. A indústria paulista é a que mais sente os impactos da crise, por ser a mais exportadora. Uma pesquisa também feita pela Fiesp mostra que neste ano as exportações de produtos industrializados devem cair 30%. Isso afeta diretamente o emprego, que na indústria de São Paulo não dá sinais de recuperação.

? A recuperação desses empregos depende do bom desempenho da economia mundial. Algo que não está muito no nosso controle. Segundo, ainda não temos resultados mais palpáveis disso. Por isso o emprego na indústria está demorando a reagir ? explica o economista-chefe da Fiesp, André Rebelo.

Ainda de acordo com os economistas, a demanda doméstica compensou em parte a queda das exportações. Eles também afirmam que houve expansão do crédito para o consumidor, mas não para as empresas.