O economista Ilan Goldfajn foi indicado na manhã desta terça, dia 17, para a presidência do Banco Central. Ele terá que ser sabatinado e ter o nome aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O anúncio do nome foi feito pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Na condição de presidente do Banco Central, Goldfajn vai coordenar a política monetária e cambial do país.
Meirelles afirmou que a missão de Goldfajn será de coordenar a execução da política monetária e cambial. O ministro confirmou que o presidente da autarquia deixará de ser ministro, mas terá prerrogativa de foro especial através de uma Proposta de Emenda à Constituição.
“Esta PEC será proposta que seja colocado na Constituição a autonomia técnica e decisória do BC”, garantiu, antes de ressaltar que “isso é muito importante porque mantém o que prevaleceu do ponto de vista prático, a autonomia de decisão”. O substituto de Alexandre Tombini não ficou ao lado de Meirelles na entrevista porque ainda não havia chegado a Brasília.
O novo dirigente da Fazenda ressaltou que os nomes estão sendo anunciado gradualmente “na medida em que eu tenho tempo de estudar cada área e tomar as decisões com rapidez”. “Com serenidade e profundidade, estaremos continuando, nos próximos dias, a avaliar e tomar decisões”, afirmou.
Para a secretaria do Tesouro Nacional, Meirelles afirmou que, “todos aqueles que não têm substitutos permanecem nos seus cargos” e reafirmou que Otávio Ladeira permanecerá no cargo. “Nada impede que outras mudanças sejam anunciadas nos próximos dias”, frisou depois de ressaltar que “no momento, o Otávio Ladeira continua na secretaria do Tesouro assim como os demais secretários da Fazenda”.
O ministro disse ainda que isso não quer dizer serão anunciados novos nomes para cada um dos cargos. “A decisão sobre os bancos públicos significa que cada um será anunciado, não estou dizendo que vou anunciar novos para cada um deles”, disse.
Para a secretaria da Previdência, Meirelles reforçou que Marcelo Caetano está no exterior e disse ter contato com o novo secretário “por meios eletrônicos”.
Meirelles disse que continuará estudando com calma o cenário econômico e que a próxima decisão será relativa aos bancos públicos – Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia.
Quem é Goldfajn
Ilan Goldfajn é economista-chefe do Itaú Unibanco, de onde é sócio. Tem experiência no setor público: exerceu o cargo de diretor de Política Econômica do BC, entre 2000 e 2003, na gestão de Armínio Fraga. No seu histórico profissional também está a diretoria do Centro de Debates de Políticas Públicas. Foi também diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa em Economia da Casa das Garças, entre 2006 e 2009, sócio-fundador da Ciano Consultoria (2008 e 2009), sócio-fundador e gestor da Ciano Investimentos (2007-2008) e sócio da Gávea Investimentos (2003-2006), onde foi responsável pelas áreas de pesquisas macroeconômicas e análise de risco.
Goldfajn é economista, com mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Atuou como consultor de organizações internacionais (como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Nações Unidas), do governo brasileiro e do setor privado.
Repercussão
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, considera a escolha de Goldfajn positiva. “Acho um nome excepcional, muito qualificado com passagem pelo governo, com muitos trabalhos publicados, acadêmicos, na área de política monetária. Tem experiência do lado público e do lado privado. E acho que ele tem credibilidade de sobra para poder cortar os juros”, disse.
O professor de macroeconomia do Ibmec-RJ e economista da Órama Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Alexandre Espírito Santo também ressaltou a formação acadêmica de Goldfajn e a experiência no mercado financeiro e no BC. “É um dos mais competentes e preparados economistas que o país tem. Já mostrou isso quando foi diretor do Banco Central e tem uma formação extraordinária, acadêmica. Tem muita experiência como economista e sócio do Itaú”, disse.
Para o professor do Ibemec, haverá uma transição “bem tranquila” no BC. “A atual equipe do Banco Central também é muito competente. Pode ter um pouco de divergência em termos de pensamento econômico, mas vai ser uma transição tranquila. Aliás, na minha cabeça parece que vai ser a única transição tranquila pela competência de ambos. Tanto de quem vai sair, quanto de quem vai entrar”, acrescentou Espírito Santo.
Exonerações
Foi exonerada nesta terça, conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU), Maria Lúcia de Oliveira Falcón da presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ela Falcón havia assumido o comando do Incra recentemente, em março, depois das mudanças que a presidente afastada Dilma Rousseff fez em alguns postos por causa do rompimento do PMDB com seu governo.