CNA critica ausência de cota para carne bovina e etanol em acordo com União Europeia

Carne e etanol ficam fora das negociações; Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil afirma que agricultores europeus têm disseminado informações errôneas e questionado os padrões sanitários brasileiros, a fim de proteger a produção local

Fonte: Divulgação

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) questionou nesta terça, dia 17, em nota, a decisão da União Europeia de não incluir cotas para a importação de carne bovina e de etanol na retomada das negociações com o Mercosul. Os dois produtos foram excluídos do acordo de livre comércio entre os blocos, durante as reuniões realizadas no dia 11 de maio. 

De acordo com a entidade brasileira, a comissão europeia pretendia, inicialmente, liberar a exportação de pelo menos 78 mil toneladas de carne bovina e 60 milhões de litros de etanol por ano. A confederação defende que a agropecuária nacional seja valorizada pela União Europeia,  “sob pena de tornar inviável uma possível negociação”.

No documento divulgado sobre o assunto, a CNA afirma que agricultores europeus têm disseminado informações errôneas e questionado os padrões sanitários brasileiros sem fundamentação técnica, a fim de proteger a produção local.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) também já haviam criticado, no dia 13 de maio, a condução das negociações. Em nota, a Unica destacou que, apesar de ser o segundo maior produtor mundial de cana-de-açúcar, o Brasil fornece menos de 2% do etanol utilizado na Europa. Outra queixa da entidade é quanto à importação de açúcar pelo bloco europeu, que tem uma taxação de 98 euros por tonelada. 

Já a Abiec considerou “decepcionante” o fato de a UE não ter incluído a carne bovina. A entidade lembrou, na ocasião, que o Mercosul, e, notadamente, o Brasil, tem sido grande fornecedor da proteína para a UE nas últimas décadas, “atendendo a todas as suas altas exigências de sanidade e rastreabilidade”. 

Essa foi a primeira troca de ofertas entre Mercosul e UE desde 2004. As negociações chegaram a ser paralisadas por seis anos e foram retomadas e 2010.