Faltando dois meses para o fechamento da temporada de exportação 2015/2016, cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que os estoques brasileiros de passagem, pela segunda safra consecutiva, devem ser reduzidos. A estimativa do Cepea levou em consideração dados de estoques e de oferta nacionais divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para a temporada 2015/2016 e de consumo doméstico da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
O USDA indica que o Brasil teria disponível 58,8 milhões de sacas de 60 kg na temporada 2015/2016. Desse volume, descontando-se o consumo doméstico e exportações, os estoques de passagem poderiam se aproximar de 4 milhões de sacas ao final da temporada – pouco acima do observado na safra 2011/2012 que, segundo o USDA, foi o menor das últimas safras (2,24 milhões de sacas).
A atual baixa oferta de café, especialmente de grão de alta qualidade, pode limitar os embarques neste final de temporada. Já para o segundo semestre, exportadores têm expectativa de que a entrada da nova temporada eleve o volume de café de maior qualidade – até o momento, o clima vem favorecendo a produção nacional de arábica. Por isso, a maior produção prevista para safra 2016/2017 não é um indicativo de recuperação nos estoques finais (em junho/17).
Safra 2016/2017
Nesta sexta, dia 20, o adido do USDA em São Paulo projetou que a safra 2016/2017 de café no Brasil, que se inicia em julho, alcançará 55,95 milhões de sacas de 60 kg, volume 13% maior na comparação com 2015/2016 (49,40 milhões de sacas). O aumento será puxado pela melhor produtividade em áreas produtoras de arábica. No geral, o rendimento esperado para todas as lavouras de café é de 27,03 sacas por hectare (+13%).
Conforme o USDA, o arábica deve registrar produção de 43,85 milhões de sacas na próxima safra (+21%). “Condições climáticas favoráveis durante a fase de formação dos grãos contribuem para rendimentos maiores do que o esperado”, destacou o Departamento. Em relação ao robusta, o USDA prevê produção 1,2 milhão de sacas menor, com 12,1 milhão de sacas, em virtude de temperaturas elevadas e seca no Espírito Santo, principal estado produtor.
Quanto às exportações, o adido norte-americano estimou vendas de 35,23 milhões de sacas em 2016/2017 pelo Brasil, ligeiramente abaixo na comparação anual – a queda deve-se aos estoques de passagem menores. A previsão é de reservas de 2,25 milhões de sacas ao término do ciclo 2015/2016, em 30 de junho. Já a temporada 2016/2017 deve encerrar com estoques de 2,53 milhões de sacas.
O USDA estimou, ainda, que a demanda nacional por café será de 20,51 milhões de sacas em 2016/2017, em linha com 2015/2016. Do total, 19,4 milhões de sacas serão de grãos torrados e 1,11 milhões de sacas de café solúvel.
Na próxima terça, dia 24, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgará seu 2º Levantamento da Safra de Café 2016. A primeira estimativa, de janeiro, apontava para uma produção entre 49,13 milhões e 51,94 milhões de sacas.