Custos até 30% mais altos vão derrubar produção de frango no 2º semestre

Redução no alojamento de aves é estratégia utilizada pelas empresas para regular mercado 

Fonte: Canal Rural

A alta dos preços dos insumos e a diminuição das margens de lucro vão fazer os avicultores reduzir o alojamento de aves no segundo semestre do ano, com consequente queda na produção de frangos. Os custos do quilo do frango vivo aumentaram 30% em junho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o preço de venda para a cadeia produtiva subiu apenas 6%.

Mantendo cerca de 100 mil aves em cinco aviários, Edson Bassi, de Artur Nogueira (SP), afirma que os custos de produção subiram mais de 15% desde o ano passado. O maior impacto, segundo ele, foi causado pela elevação da tarifa de energia elétrica.

Bassi é integrado de uma cooperativa e afirma que, atualmente, os produtores de sua região recebem de R$ 0,60 a R$ 0,70 por ave. O valor cobriria as despesas, mas estaria bem abaixo do necessário para manter os investimentos na propriedade.

“A gente precisaria estar ganhando em torno de R$ 0,80 por ave, mas fica difícil porque as entregadoras também estão passando por um período difícil, devido à alta nos custos”, conta.

A entrada da segunda safra de milho no mercado deu fôlego ao setor, mas a situação ainda é difícil. De acordo com o presidente da Associação Paulista de Avicultores (APA), Érico Pozzer, em junho do ano passado, o custo do frango vivo era de R$ 2,25, passando para R$ 3 no mesmo mês em 2016.

De acordo com o representante do setor, a cadeia terá que se planejar tendo em vista o preço do milho no porto, pronto para exportação. “É isso que vai reger os preços nas fábricas de ração das integrações do Brasil inteiro”, diz Pozzer.

A redução da produção ocorre, segundo ele, em função da falta de margem. “É uma maneira de as empresas produzirem um pouco menos para regular o mercado doméstico e de exportação para sobreviver”, afirma.

Exportações

Na contramão do mercado interno, as exportações brasileiras de carne de frango cresceram 13,8% no primeiro semestre de 2016, impulsionadas pelos embarques para países da Ásia e do Oriente Médio. De acordo com o vice-presidente técnico da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, no total do ano, os volumes devem crescer 8%.