Produtores acumulam dívidas e temem não conseguir financiamento no DF

Com problemas nas safras anteriores, agricultores enfrentam juros altos em financiamentos para as próximas temporadas

Fonte: Divulgação/Agência Brasil

Produtores do Distrito Federal estão preocupados com a dificuldade em conseguir financiamento nos bancos após acúmulo de dívidas da última safra. As principais queixas giram em torno das taxas de juros muito altas, muitas vezes passando dos 50%. A alternativa, para muitos, é buscar as tradings, mas isso também pode gerar risco.

Para o produtor de milho Rodrigo Werlang, a colheita fraca pode aumentar ainda mais a dívida milionária que ele carrega há seis anos. Das 120 sacas esperadas, ele está colhendo apenas 30 e tenta conseguir acesso ao crédito rural. “Cheguei ao banco com uma dívida de R$ 540 mil, mas eles queriam receber R$ 950 mil. Outros bancos pedem 20% de entrada para prorrogar por 10 anos. Qual produtor tem 20% para dispor com uma crise dessas?”

A quebra na safra também complicou a vida do produtor João Carlos Werlang, que perdeu 120 hectares por causa da seca e teve o seu próximo plantio descapitalizado. “É cada vez mais complicado. O banco quer receber, não interessa se o produtor está bem, se colheu ou não colheu, mas sem produção não se paga a conta. A saída é o seguro agrícola”, disse.

A Aprosoja Brasil, que representa 12 mil agricultores no Brasil, vem alertando que a situação é grave. Marcos da Rosa, presidente da entidade, diz que a prioridade da gestão é lutar pela renegociação junto ao Governo Federal. “O governo já entendeu que o problema existe, mas precisamos de celeridade. Temos que dar um recado ao mercado, pois se as coisas não se resolverem, o Brasil vai ter um problema grande pela frente, como teve com o feijão, vai ter logo em seguida com o arroz e já está tendo com o milho”, falou.

Para o produtor Rodrigo, que planta milho, soja, feijão e trigo, a única solução pode ser vender a propriedade para poder pagar todas as dívidas. “Se não melhorar, terei que me desfazer do patrimônio para sobreviver”, finalizou.