Agrotóxicos: 67 produtos proibidos serão reavaliados

Embrapa e Ministério da Agricultura vão reavaliar defensivos usados para controle de ferrugem asiática no Paraná, considerados ineficazes pela agência de defesa agropecuária do estado

Fonte: Wanderlei Dias Guerra/Arquivo Pessoal

O Ministério da Agricultura (Mapa) pode entrar na briga pelo fim da restrição a 67 agrotóxicos para a soja, no controle da ferrugem asiática, considerados ineficazes pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná. Com isso, produtores do estado estão proibidos de utilizar as substâncias há dois meses. Representantes da indústria e dos distribuidores de defensivos querem a revisão da medida, que pode ser realizada pela Embrapa. De acordo com o Mapa, o assunto será tratado em agosto.

De acordo com o presidente da câmara temática de insumos agropecuários, Eduardo Daher, a solução sugerida pelo Mapa é de a Embrapa faça um estudo com bases científicas nacionais. “Não é assim, cortando produtos, que vai se resolver e vai se facilitar a vida do produtor”, afirma ele.

Os 67 produtos banidos no Paraná ainda possuem eficiência em regiões em que não há pressão tão forte da ferrugem e são utilizados também produtos protetores, avalia o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja-Brasil), Fabrício Rosa. Segundo ele, para um controle eficiente, é preciso misturar diferentes ingredientes. “Quando você restringe isso aos produtores do Paraná, você está tirando competitividade do estado”, afirma Rosa.

Dívidas

Em reunião da câmara de insumos nesta segunda-feira, dia 18, os representantes do setor também trataram do endividamento dos produtores e da dificuldade de acesso ao crédito. Daher acredita que será preciso profissionalizar o mercado e buscar recursos de outras fontes dentro dos bancos oficiais e até nas tradings. “É o famoso hedge, vender no mercado futuro aquilo que você comprou no físico”, diz.

Para o diretor-executivo da Aprosoja-Brasil, produtores que tiveram a produtividade menor não vão conseguir pagar o custeio. Com isso, terão dificuldades para custear a próxima safra. Os agricultores, afirma Fabrício Rosa, buscam por uma alternativa para saldar o custeio, pagar parte do investimento e conseguir investir na próxima safra.

Crédito subsidiado

Já a saída proposta pelo presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), Henrique Manzotini, é o apoio do governo na forma de maior oferta de linhas de crédito subsidiado. Hoje, apenas as cooperativas têm direito a esse benefício, segundo ele, enquanto o distribuidor – que atenderia mais de 70% do crédito cedido ao agricultor – não concorre com nenhuma linha especial. 

“Não queremos concorrer com as cooperativas, mas queremos o direito a ter uma linha para que possamos passar ao agricultor, que, no final das contas, é o grande beneficiado”, afirma Manzotini