Mesmo com clima seco, lavouras de soja em colheita apresentam produtividade acima da média

Entretanto, baixa umidade do solo no Centro-Sul do Brasil preocupa produtoresDe acordo com informações do Cepea, produtores brasileiros de soja estão com as atenções voltadas à produtividade, especialmente das lavouras em desenvolvimento e em fase final de ciclo. No início do cultivo, as preocupações de produtores estavam relacionadas ao ataque de pragas, depois, aos fungos, especialmente a ferrugem asiática, e, agora, à baixa umidade do solo no Centro-Sul do Brasil.

>> Veja como está o impacto da onda de calor em várias culturas

Na Argentina, o clima também está seco em algumas áreas produtoras. Mesmo com o clima seco, as lavouras em colheita no Brasil apresentam produtividade acima da média. Assim, tudo indica que a baixa umidade tende a ter impacto sobre as lavouras que serão colhidas a partir do final de fevereiro.

Colheita por região

Em Mato Grosso, principal Estado produtor da oleaginosa, 22% da área está colhida, em média. No leste (7%), Canarana tem produtividade de 52 sacas por hectare até agora. No oeste, a colheita segue muito rápida (27%) e a safra 2013/14 vai se consolidando como a melhor da história na região.

Na média goiana, 15% da área está colhida. A soja de Goiás que ainda está em enchimento de grãos está sofrendo com estiagem de 20 dias em muitas áreas. A produtividade média para o sudoeste, que tem 15% de sua área colhida, está em 52 sacas por hectare. Em Cristalina, no entorno de Brasília, a colheita avança bem, mas a soja tardia sofre com o clima ruim.

Em Mato Grosso do Sul, 17% da área está colhida. Antes da onda de calor iniciada em meados de janeiro, a expectativa era de que o Estado ainda pudesse conseguir uma boa média de produtividade. Houve perdas nas áreas plantadas mais cedo no sul, mas as áreas de ciclo médio e tardio iam bem.

– Agora, contudo, o tempo quente e seco também prejudica essas lavouras – e não apenas no sul, mas todo o Estado – salienta a AgRural.

As altas temperaturas e a falta de umidade continuam preocupando os produtores da metade norte do Rio Grande do Sul, aonde as chuvas que caem no sul do Estado e nos vizinhos Argentina e Uruguai não têm conseguido chegar por causa de um bloqueio atmosférico. Em Erechim, não há registro de bons volumes de chuva há 18 dias e, em áreas mais arenosas, já existem plantas em ponto de murcha. Em Passo Fundo, ainda não se fala em perdas, mas a soja já apresenta sinais de estresse hídrico e a chuva precisa chegar até esta semana para não haver quebra de safra.

No Paraná, a colheita alcançou 13% na semana passada . Com temperaturas acima do normal e pancadas isoladas de chuva, produtores com lavouras em formação e enchimento de grãos estão preocupados. No oeste, onde a colheita está em 46%, pequenas perdas poderão ocorrer nas áreas mais tardias caso a estiagem continue. A média da região, contudo, ainda deve ser alta. Nos Campos Gerais, pancadas localizadas ocorreram durante a semana passada, mas foram insuficientes. Em Guarapuava, no centro-sul, as temperaturas estão altas, mas o solo ainda tem umidade porque choveu bem até meados de janeiro. Em Maringá, no norte, 2% da área está colhida e as primeiras lavouras estão com produtividade em torno de 51 sacas por hectare.

– O que preocupa é o calor que prejudica as áreas ainda em granação – diz a AgRural.
Em Cornélio Procópio, que vinha sofrendo com falta de chuva desde dezembro, 50% da área não renderá mais que 45 sacas.

A situação das lavouras da Bahia piorou na semana passada, pois não houve nada de chuva no cinturão produtor.

– As perdas em relação às altas produtividades esperadas inicialmente são calculadas em 20%, causadas por abortamento de flores e pouco crescimento vegetativo – observa a AgRural.

Lavouras precoces começaram a ser colhidas no Maranhão. Essas áreas sofreram com a estiagem no começo de janeiro, que pegou as plantas em enchimento de grãos, e a produtividade não passa de 35 sacas. A soja ainda em desenvolvimento começa a sofrer com o clima seco, mas há pancadas leves previstas para os próximos dias.

Na região de Uruçuí, no Piauí, as primeiras áreas com soja superprecoce começaram a ser colhidas. Elas sofreram com estiagem e estão rendendo 33 sacas. Na região de Palmas, no Tocantins, alguns talhões estão rendendo até 55 sacas por hectare. A colheita, ainda muito no início, não alcança nem 1% da área do Estado. 

Fase reprodutiva

O tempo continua quente e seco, pior combinação para as lavouras em fase reprodutiva, nas principais regiões produtoras de soja do Brasil. A safra 2013/2014 ainda está sob ameaça climática em diversos Estados, informa a consultoria AgRural em seu boletim semanal.

– Se não houver queda nas temperaturas e melhora nos volumes e cobertura das chuvas até o próximo sábado (15 de fevereiro), a estimativa de produção terá nova queda – informa a consultoria. Por enquanto, a safra brasileira é estimada pela AgRural em 88,8 milhões de toneladas.
  
Comercialização

Quanto à comercialização no Brasil, segundo pesquisadores do Cepea, o pouco volume do grão desta nova safra já tem sido disputado. Apesar das preocupações com o clima e da boa demanda, a estimativa de safra recorde mantém a pressão sobre os valores.