CNA quer fim da venda de leite em pó reconstituído na Sudene

Durante entrevista ao Direto ao Ponto, o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, afirmou que o momento deveria ser de incentivo ao produtor brasileiro 

Fonte: Divulgação/Governo SC

O Direto ao Ponto desta semana traz à tona uma discussão ainda não digerida pelo setor leiteiro: a publicação da Instrução Normativa (IN) nº 26, de 21 de julho, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A medida autorizou, por um ano, as indústrias de laticínios da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a reconstituir leite em pó para a produção de leite longa vida (UHT) e leite pasteurizado.

Em entrevista ao programa, o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, afirmou que o momento deveria ser de incentivo à produção. “Em vez de ajudar o produtor a recompor a margem perdida no ano passado, cria-se um mecanismo artificial de mercado”, reitera. Segundo o superintendente, a Portaria nº 196/1994 proíbe a reconstituição, salvo algumas exceções, como a falta de leite total no país, o que não é o caso.

Lucchi afirma que a região da Sudene registrou um crescimento de 5%, apesar da crise, e que a solução, no caso das indústrias (já que o pedido veio de lá), seria a negociação de preços. Por isso, na ocasião da entrega das “10 medidas da agropecuária brasileira” ao presidente interino, Michel Temer, no Dia do Agricultor, a CNA também reiterou que condena a IN e oficializou um documento separado ao chefe do executivo.

Mercado de Leite

Para Lucchi, o ano de 2016 seria o momento de o produtor recompor os preços, pois enfrentou um ano anterior de crise. “2015 pode registrar uma queda do leite não vista desde 1997”, reitera. O especialista explica que geralmente de três em três anos o setor sofre um desiquilíbrio entre a oferta e a demanda.

Desta vez, a alta do dólar acarretou no aumento do custo de produção, porque encareceu os insumos. Muitos produtores tiveram de vender suas matrizes ou alteraram a ração devido aos problemas de quebra de safra dos grãos.

Os dados sobre a queda na produção ainda não saíram, mas a previsão do especialista é baseada na revisão do leite inspecionado, que já apresentou um decréscimo de 2% a 3%. Mas, para Lucchi, as oscilações de mercado podem ser reguladas conforme a lei de oferta e procura. Embora 2016 tenha começado com uma oferta ruim, o produtor estava começando a recuperar os preços. Dados da CNA revelam que, já nos primeiros seis meses deste ano, os principais estados apresentaram um aumento de 11,4%.

No programa, o superintendente técnico comentou ainda a importância da qualificação do produtor de leite na técnica e na gestão dos negócios, a fim de enfrentar a crise e obter lucro. Este é o foco do Senar, ajudá-lo a compreender que é preciso pensar a atividade como um todo, numa cadeia complexa.

Lucchi também reiterou a importância das “10 medidas para o setor agropecuário” apresentadas recentemente ao governo. Nos destaques, a simplificação de tributos, o fortalecimento de uma política agrícola e trabalhista, revisão do PIS/Cofins e a importância de repensar o atual modelo de licenciamento ambiental, que, segundo a Confederação, traz muita insegurança jurídica ao campo.