O volume de café conilon usado pelas indústrias brasileiras nesta safra caiu pela metade. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic), a quantidade de sacas do produto usado no blend, que é a mistura de grãos diferentes, variava de 6 milhões a 7 milhões em 2015; neste ano, o número passou para, no máximo, 4 milhões. O principal motivo dessa diminuição foi a quebra de safra no Espírito Santo.
O diretor-executivo da entidade, Nathan Herszkowicz, afirma que essa foi a forma que as indústrias encontraram para se adequar aos altos preços do conilon. “Não dá para pagar mais caro pela matéria-prima sem conseguir repassar isso para os preços de venda. E o varejo, que é o principal cliente da indústria, é muito resistente aos ajustes. Estamos mudando o blend e substituindo pelo café arábica”, afirma.
De acordo com a Abic, a mudança na composição da mistura dos grãos não vai afetar a qualidade da bebida para o consumidor final.
Leilões
Apesar de a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ter realizado alguns leilões de venda de café, a Abic acredita que o volume ofertado ainda não é suficiente para alterar os preços.
“Hoje, o governo possui um estoque de 1,37 milhão de sacas, o que significa duas semanas de produção de café no Brasil. Se considerarmos o consumo interno e a exportação, essa quantidade cai para uma semana”, explica Herszkowicz.