Déficit global de açúcar é revisado para 7,72 milhões de toneladas

Devido à baixa renovação dos canaviais a aos problemas climáticos, o déficit deve se acentuar para 8,89 milhões de toneladas em 2016/2017

Fonte: Embrapa

A consultoria Datagro informou, nesta terça, dia 9, novos números para a produção de cana-de-açúcar na safra 2015/2016 e revisou o déficit global de açúcar para 7,72 milhões de toneladas, ante 6,21 milhões de toneladas estimadas no último levantamento.

Devido à baixa renovação dos canaviais a aos problemas climáticos, o déficit deve se acentuar para 8,89 milhões de toneladas em 2016/2017, de acordo com o presidente da consultoria, Plínio Nastari.

A relação entre estoque e consumo, na safra 2015/2016, está em 43,5%. Para 2016/2017, a relação deve cair entre 39,8% e 37,9%. Segundo Nastari, quando este número cai abaixo de 41% significa restrição no mercado.

Etanol

Os Estados Unidos devem confirmar um novo recorde, com margem positiva devido à queda no preço do milho. A produção diária do país está em 163,6 milhões de litros de etanol. O principal destino do combustível é a China, que fica com 31,6% das exportações no acumulado de 2016.

Brasil também segue importando etanol e o presidente da Datagro confirma que a compra será mantida pelo menos “até que inicie de forma mais intensa a safra do Nordeste”.

Centro-Sul

O clima quente e seco e as geadas que atingiram várias regiões tradicionais de cana-de-açúcar no Centro-Sul desde junho fizeram com que a Datagro revisasse a estimativa de moagem da cultura em 2016/2017 de 625 milhões para 597,25 milhões de toneladas. A estiagem deve melhorar a previsão de Açúcar Total Recuperável (ATR) no processamento de 133 kg/tonelada para 134,15 kg/tonelada, mas oferta total de ATR, com menos cana, deve cair 1,3% sobre 2015/2016, para 80,12 milhões de toneladas, ante uma previsão inicial de alta de 2,4%.

Segundo a consultoria, o processamento da safra no Centro-Sul se encerrará mais cedo, a entressafra será mais longa e o volume de cana sem ser processado será de apenas quatro milhões de toneladas, ante um total estimado de 14 milhões de toneladas anteriormente.

Com a menor oferta, a Datagro reduziu as estimativas de produção  de açúcar no Centro-Sul de 35,2 milhões para 34,2 milhões de toneladas, e de etanol, de 27,28 bilhões para 26,1 bilhões de litros de litros. O mix de destino da matéria-prima para a produção do açúcar na região foi elevado de 44,4% para 44,7%, segundo a consultoria, e o do etanol caiu para 55,3%.

Nordeste

A safra da região Nordeste, que inclui algumas usinas no Norte do Brasil e é iniciada entre agosto e setembro, deve atingir 53,5 milhões de toneladas em 2016/2017, alta de 9,2%, sobre as 48,98 milhões de toneladas da safra passada. 

Com isso, as usinas brasileiras do Centro-Sul, Norte e Nordeste devem processar na safra 2016/2017 650,75 milhões de toneladas de cana. 

Próxima safra

taxa de renovação segue abaixo do normal e manterá o índice de 10,4% da última safra, estima a Datagro. A principal consequência é a queda de produtividade devido ao envelhecimento dos canaviais. Com isso, não deve haver aumento de produção na próxima safra e pode, no entanto, haver decréscimo.

“A crise financeira é um elemento importante que justifica o baixo investimento”, pontua Nastari.

Devido ao clima, as usinas aceleraram a moagem nas últimas semanas, o que acentua a perda de produtividade devido à colheita precoce.

Mundo

O balanço mundial de açúcar está sendo afetado, principalmente, pela redução de área cultivada na África e pela quebra de produção da Índia, que apesar da melhora na incidência de chuvas não conseguiu recuperar a produção.

Nastari reforça que é prematuro passar informações sobre o ciclo que vem 2017/2018 e que é preciso acompanhar o desenvolvimento dos canaviais ao redor do mundo.