OIC: mercado consolida alta dos preços do café, mas oferta de robusta ainda preocupa

Preço médio composto calculado pela entidade indica valor 6% maior que a média de junho. Apesar do aumento expressivo

Fonte: Suelen Farias/Canal Rural

O mercado de café continua em trajetória de alta dos preços, mas o vigor da subida parece menos intenso. Esse é o resultado da avaliação da Organização Internacional do Café (OIC) publicada no relatório mensal anunciado nesta sexta-feira, dia 12, em Londres. No mês passado, o preço médio do grão calculado pela entidade atingiu o maior nível em 17 meses.

O preço médio composto da OIC – que calcula a média dos vários tipos – terminou em 132,98 centavos de dólar por libra-peso. O valor é 6% maior que a média de junho. Apesar do aumento expressivo, a entidade destaca que o desempenho durante o mês mostrou enfraquecimento.

Durante julho, o preço OIC chegou a tocar os 137,36 centavos por libra-peso, mas mudou de tendência e terminou em 129,4 centavos no último dia do mês passado – apenas 0,5 centavo acima do preço inicial de julho. “O mercado encontrou dificuldade em manter esse avanço inicial”, resume a entidade. 

A organização nota que o ritmo de exportações diminuiu, especialmente porque a nova safra brasileira ainda não chegou ao mercado. E, ao mesmo tempo, os estoques continuam em nível confortável. Em junho de 2016 o volume das exportações globais somou 9 milhões de sacas, 11,2% menos que o registrado em igual mês do ano passado e o menor volume exportado no mês de junho durante seis anos. 

Entre os maiores produtores, os embarques caíram 10,2% no Brasil, diminuíram 7,4% na Colômbia e despencaram 62,9% na Indonésia. O Vietnã, por sua vez, teve ligeiro aumento de 0,4%.

Projeção

No relatório, a entidade atualizou a estimativa de produção para a safra 2015/16. A OIC reduziu ligeiramente a estimativa de 144,7 milhões de sacas para 143,3 milhões.

“A nova estimativa se deve sobretudo a uma redução acentuada da produção prevista no México, que passa de 3,9 milhões a 2,8 milhões de sacas, e a uma revisão mais modesta da estimativa da produção da Nicarágua, para 1,8 milhão”, cita o documento. Produtores mexicanos ainda têm sofrido com a ferrugem que reduziu a produção do país em mais de um terço desde a safra 2012/13.

Com o novo número projetado para a safra, a OIC espera volume 0,7% superior ao registrado no período cafeeiro anterior. “Ainda assim, inferior aos volumes produzidos em 2012/2013 e 2013/2014”. 

Por tipo de grão, o volume projetado dos arábica quase não se alterou, porque a queda da produção em países como México e Peru tem sido compensada por mercados como Colômbia e Honduras. A oferta dos robusta, porém, tem sido “menos estável”, diz a OIC. “Calcula-se que em 2015/2016 ela crescerá 1,7% devido a melhores safras no Vietnã e Indonésia, mas as perspectivas para 2016/2017 são menos positivas”, cita o documento. 

A queda é explicada por fenômenos distintos em vários grandes produtores. Na Indonésia, as exportações caíram mais de um terço para menos de 1 milhão de sacas devido aos efeitos El Niño e à maior demanda doméstica. No Vietnã, há expectativa de menor oferta do grão na próxima safra. E, por fim, a safra de robustas no Brasil será a menor em mais de 10 anos como resultado de estiagem, prevê a Companhia Nacional de Abastecimento.