No Brasil, acidentes recentes envolvendo silos (equipamentos de armazenagem de produtos agrícolas) levantaram uma discussão sobre normas de instalação e até sobre responsabilidades no caso de problemas estruturais.
Em Avaré, no interior de São Paulo, uma unidade de armazenagem de alimentos de uma cooperativa começou a ser construída em maio de 2015 e, agora, está em fase de testes. São oito silos, com capacidade total de 32 mil toneladas de grãos. Nela é possível ver como funciona a implantação e o que é preciso fazer depois de ter o equipamento instalado na propriedade.
De acordo com o gerente de Engenharia da Kepler Weber, Denis Bianchin, empresa responsável pela produção dos silos, o local adequado para colocar os silos são determinados através de análises prévias, do solo, “para que esse solo consiga receber as cargas que o silo estará aplicando sobre o mesmo e são definidos com estudos que o cliente faz junto à localidade para ver a possibilidade de instalação naquela região”, afirma.
As licenças que correm para a instalação de um silo são licenças ambientais e licenças locais determinadas em casa região. Os trâmites disso são determinados por empresas especializadas, antes da definição da instalação da unidade.
Antes de receber os silos, a cooperativa encomendou um projeto para construção de bases de concreto que suportam as estruturas enormes – cada uma com 26 metros de altura e quase 17 metros de diâmetro. Já instalados, os silos aguardam agora a etapa de testes, que, por enquanto, estão sendo feitos em apenas um. Ele começou a operar na semana passada, mas ainda precisa ser avaliado por especialistas.
Os silos disponíveis hoje no mercado brasileiro são capazes de armazenar de seis a 36 mil toneladas de grãos.Em grandes ou pequenas áreas, o cuidado com a segurança da operação e manuteção precisa ser constante.
Em Mato Grosso , dois episódios recentes chamaram a atenção para o estrago que problemas envolvendo silos podem causar. Os vídeos feitos por produtores mostram os equipamentos desabando. Para o vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Tadeu Vino, os acidentes envolvendo silos no brasil são raros, mas quase sempre estão relacionados com falta de manutenção ou operação inadequada das estruturas.
“Você tem que fazer uma avaliação do que aconteceu naquele acidente pra poder chegar a uma conclusão. Quando você tiver um problema de projeto, de instalação, isso acontece logo no primeiro, na primeira carga do silo ele já vai manifestar alguma alteração”, diz Vino. Basicamente, a responsabilidade da empresa termina ao final da instalação da unidade armazenadora, com a montagem dos equipamentos. A partir daí, o produtor assume a unidade e deve cuidar da manutenção e da operação, conforme as regras e manuais.
Segundo o engenheiro Denis Bianchin, das 7,5 mil estruturas instaladas no país nos últimos cinco anos, apenas 22 apresentaram problemas. Ele aponta as quatro causas mais frequentes de acidentes são:
– erro de montagem da estrutura
– recalque da base civil do silo (a estrutura de concreto citada no início)
– erro de operação, como carga e recarga dos produtos, quando eles são retirados fora dos pontos de descarga
– e o principal deles: falta de manutenção dos silos.
A vida útil do silo ela pode variar muito, normalmente em ambiente rural, com a manutenção correta o silo pode ultrapassar quarenta anos de utilização.
Por ser um sistema de armazenagem considerado seguro, o silo precisa passar por manutenção uma vez por ano, ou toda vez que houver troca de um produto por outro, como soja por milho. A inspeção é visual, através da observação das placas, parafusos e verificação de possíveis achatamentos da estrutura metálica. Outra dica importante para evitar acidentes é saber como agir em caso de qualquer anormalidade no equipamento.
De acordo com Bianchin, a primeira coisa a fazer é parar toda e qualquer operação com o equipamento, seja se carga ou descarga. Depois, retire as pessoas próximas ao equipamento e busque assistência técnica do fabricante.