A safra de soja vai bem, já a comercialização antecipada, nem tanto

Negociações no Rio Grande do Sul seguem abaixo do ritmo médio histórico, mesmo com a boa perspectiva de produção

Bruna Essig, do Rio Grande do Sul
Produtores de soja do Rio Grande do Sul estão animados com o bom andamento de suas safras. Com esta expectativa positiva, a preocupação agora recai sobre a comercialização, já que negociações antecipadas estão abaixo da média dos últimos anos.

A área cultivada no estado ficou praticamente estável, ou seja, algo em torno de 5,4 milhões de hectares. Já a produção, analisando o bom andamento da cultura, pode chegar a 16 milhões de toneladas. A colheita começa no fim de março, com expectativa de 50 sacas por hectare. “Estamos na época de enchimento de grãos. As condições estão muito favoráveis, com chuvas constantes durante a semana, ajudando bastante”, comenta o sojicultor Celso Bartz.

personagem soja

De olho no dólar e no mercado interno, Bartz já vendeu parte da produção, ainda no início da safra, conseguindo um preço até alto, em torno de R$ 81 por saca. “Este ano aproveitamos a oportunidade quando o dólar subiu um pouco e que o preço da soja valorizou para travar mais ou menos 15% de uma suposta colheita”, afirma o produtor.

O volume negociado antecipadamente pelo produtor reflete exatamente o que tem acontecido no estado todo e segundo analistas de mercado, uma situação um tanto perigosa, que é o volume de vendas abaixo do normal. Em um levantamento realizado pela consultoria Safras & Mercado apenas 23% da produção esperada já foi negociada, volume menor que os 30% da média histórica para o período.

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O problema, explica o analista Luiz Fernando Gutierrez, é que a situação de mercado agora mudou e pode ficar ainda pior. Isso porque, apesar das cotações da oleaginosa seguirem em patamares elevados no mercado internacional, o câmbio baixo tem desfavorecido os embarques. Só que com a entrada da safra brasileira, existe uma boa possibilidade dos preços também caírem. “O preço alto pode não se manter. Por isso, o ideal era ter aproveitado o bom momento. Ter em mente que aqueles valores de R$ 100 do ano passado não são a realidade deste momento”, conta. “O produtor tem que colocar isso na cabeça. Tem que olhar para Chicago e para o dólar e fixar nos momentos de alta desses dois fatores.”

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