No sistema de cotas adotado pela Rússia, o Brasil integra a rubrica “Outros”, na qual a cota era de 68 mil toneladas em 2008 e foi fixada em 35,4 mil toneladas em 2010. O limite máximo da tarifa extracota passou de 65% em 2008 para 95% em 2009. Nesse sistema, exportadores como Estados Unidos e União Europeia levam vantagem, com a maior parte das cotas de importação russas, que se aproximam de 1 milhão de toneladas por ano, no total.
A Abef argumenta que, por essa razão, as exportações brasileiras de carne de frango para a Rússia caem ano após ano. No ano passado, não chegaram a 73 mil toneladas, apresentando uma queda de 54% em relação a 2008. Além do sistema de cotas, outro fator que influenciou as vendas de frango à Rússia foi a crise de crédito que se instaurou na Rússia no ano passado, em virtude da crise financeira internacional.
? Defendemos a adoção do princípio de Nação Mais Favorecida (MFN, na sigla em inglês), da Organização Mundial de Comércio (OMC), que não favorece ninguém. O Brasil quer apenas disputar o fornecimento de carnes de frango e suína ao mercado russo em condições de igualdade ? disse Zerbini em nota encaminhada pela Abef.
Soja
O Brasil também negocia um acordo sanitário com a Rússia para exportar soja. As discussões estão sendo conduzidas pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, que está na Rússia. Segundo o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, as autoridades sanitárias russas dificultam a entrada de soja em grão devido à presença de duas pragas popularmente conhecidas como carrapicho e picão, típicas do continente americano.
? Esse é um problema comum nas lavouras de soja, seja no Brasil, na Argentina ou nos Estados Unidos. Não existe solução para isso ? explica.
Mendes conta que, para contornar o problema, os russos estudam esmagar a soja nos portos, autorizando apenas o transporte de derivados pelo interior do país.
O tamanho do mercado russo de soja é relativamente pequeno. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país esmagou apenas 1,5 milhão de toneladas do grão na última safra e consumiu pouco mais de 1,6 milhão de toneladas de farelo, mas a expectativa é de crescimento.