Abicalçados suspeita de ilegalidade em importações de produtos da Ásia

Apesar disso, produção nacional deve aumentar pelo menos 12% neste anoA indústria de calçados suspeita de ilegalidade em importações de produtos da Ásia para o Brasil. Com a restrição aos embarques da China, outros países aumentaram as vendas para o mercado brasileiro. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que já levou o assunto ao governo. Na 42ª Feira Internacional de Moda em Calçados e Acessórios (Francal), encerrada nesta quinta, dia 8, em São Paulo, empresários demonstraram preocupação.

O clima na feira é de véspera de feriado, mas o momento do setor anima. Quem exporta o produto também vive um momento de recuperação. De janeiro a junho deste ano, as exportações aumentaram quase 20% em relação ao mesmo período no ano passado. No mesmo período, as importações caíram 21,5%.

Somente a China, país que mais ameaçava a indústria nacional, diminuiu os embarques de calçados para o Brasil em mais de 60% no primeiro semestre. Isso porque desde março o Brasil cobra uma tarifa antidumping de U$ 13,85 sobre cada par de calçado chinês.

A indústria avalia que, por um lado, a restrição para a China ajudou na retomada da produção nacional, que deve aumentar pelo menos 12% neste ano. Porém, favoreceu a chegada de novos concorrentes. O Vietnã mais que dobrou os embarques de calçados para o Brasil no primeiro semestre, deixando a China em segundo lugar. A Indonésia cresceu mais de 55%. Em seguida, a Malásia, com números impressionantes. Os embarques saltaram de 12 mil pares no primeiro semestre de 2009 para mais de US$ 2,5 milhões entre janeiro e junho deste ano. O executivo da Abicalçados não tem dúvida: as estatísticas trazem indícios de pratica ilegal de comércio.

? Trazer calçados chineses para o Brasil fantasiados de asiáticos em geral, tanto do Vietnã, quanto da Malásia, quanto da Indonésia. Esses três países estão dando uma cobertura de documentos para que, vindo ao Brasil, o calçado chinês escape da aplicação do direito antidumping ? disse o diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein.

O diretor da Abicalçados acredita que é preciso estender medidas antidumping para Vietnã, Malásia e indonésia. Ele espera que o governo brasileiro apresente uma solução em algumas semanas.

No mercado desde 1926, a Samello vende 80% da produção no mercado interno. O diretor de produto da empresa, Osvaldo Sábio de Mello, defende maior proteção contra a concorrência asiática.

? Acho super importante que o governo continue antenado, de olhos abertos para que não haja essa triangulação, pra passar por outros países o calçados asiático e acabar chegando no Brasil sem a taxação, porque enfraquece o setor. E a gente tem que ter um setor forte ? disse Mello.