O levantamento prévio, realizado pelo Ministério da Agricultura, mostra que já há perdas de 32% no Rio Grande do Sul, 19% em Santa Catarina e 17% no Paraná, considerando todos os tipos de plantações.
O presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS), Cláudio de Jesus, que também é produtor no Estado, comenta que no Rio Grande do Sul foram plantados aproximadamente 1,1 milhão hectares e a previsão de colheita é de seis milhões de toneladas.
– As perdas giram em torno de 60% a 70%, mas existem algumas áreas da região Sul que estão um pouco melhores, como a divisa com Santa Catarina. As perdas não foram apenas no milho, mas também na soja.
Cláudio explica que um seguro rural específico para o grão manteria os produtores motivados, já que levaria em conta as particularidades da cultura.
Para Alysson Paolinelli, presidente-executivo da Abramilho, o produtor de milho ainda tem esperança que chova na região, pelo menos um pouco.
– Não esperávamos uma seca como essa, mas, já que aconteceu, o ideal é que agora os milhocultores tenham calma e comecem a se programar para a próxima safra, para tentar cobrir os custos dessa produção. Não é um desastre eterno e as perspectivas do mercado são muito boas – afirma. Ele explica que ainda há tempo para avaliar o resultado das lavouras.
O que acontece, de acordo com as entidades, é que a quebra da safra no Sul afeta as demais regiões, pois outros Estados, provavelmente, terão que abastecer os que foram afetados e que precisam fornecer subsídios para as cadeias de aves e suínos.
– O que devemos fazer agora é trabalhar para dar tranquilidade aos milhocultores e estimular que se usem tecnologias adequadas para melhorar as produções. Além disso, é muito importante que se façam os seguros rurais adequadamente – diz Paolinelli.
Milho resistente à seca deve ser solução para evitar novas quebras de safra
Para Cláudio de Jesus, novas tecnologias a serem lançadas no Brasil, como o milho resistente à seca, são de extrema importância para os produtores e devem ser a saída para evitar mais problemas com o clima seco.
– Os agricultores devem cobrar mais pesquisas e agilidade para inserir novas tecnologias no campo, principalmente em relação ao milho. As sementes mais resistentes trazem mais estabilidade para o produtor – aponta.