? É um número que nos surpreende, mas que é explicado pela pressão do mercado internacional ? afirmou Cunha.
De acordo com ele, as importações do produto devem chegar a 60 mil toneladas este ano. Até maio de 2011, a indústria têxtil será beneficiada pela isenção da tarifa de importação, autorizada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). A medida foi tomada em função da escassez do produto no mercado doméstico, causada pela disparada dos preços no mercado internacional, que levou a fechamento de contratos antecipados.
Em relação às vendas brasileiras, Cunha destacou o posicionamento da China no ranking dos maiores importadores. Até outubro, o país adquiriu 75 mil toneladas de algodão brasileiro, tornando-se o terceiro maior importador.
? Há alguns anos não se vendia mais do que 20 mil toneladas por ano ? comparou o presidente da Abrapa.
Cunha deixa o cargo nesta segunda para assumir a presidência do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), fundado em 7 de junho como uma consequência das negociações do contencioso do algodão no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em seu lugar na Abrapa ficará Sérgio De Marco.
Capacidade instalada
O Brasil atingirá sua capacidade máxima instalada de produção de algodão na safra 2010/2011, segundo o novo presidente da Abrapa, Sérgio De Marco. De acordo com ele, a expectativa é de colher um total de 1,8 milhão de toneladas. Para se obter esse volume de produção, conforme De Marco, o número de colheitadeiras existentes no País hoje é suficiente, mas está no limite.
? Coincidentemente, começou a safra hoje e a colheita será em julho de 2011 ? observou.
O presidente da Abrapa destacou que, para atender a essa produção, os cotonicultores estão utilizando “um monte de colheitadeiras que estavam encostadas”.
Desse total previsto de produção, 700 mil toneladas já foram vendidas a US$ 0,75 por libra peso e outras 300 mil toneladas a US$ 1,00 por libra peso, aproveitando o preço elevado da commodity, que hoje já se encontra no dobro deste patamar. Nem tudo é voltado à exportação, conforme De Marco.
? Boa parte é da indústria local, que se atentou também à questão de oferta do produto ? afirmou.
As cerca de 800 mil toneladas restantes não devem ser comercializadas antecipadamente pelos produtores porque, entre outros fatores, é preciso deixar uma margem para uma possível quebra de safra.
Para produzir 1,8 milhão de toneladas, o Brasil deve plantar 1,26 milhão de hectares neste ciclo. A área é praticamente 50% superior à da safra passada (838 mil hectares). Como o plantio segue até meados de fevereiro, o produtor apenas pensará em investir em novas colheitadeiras a partir de julho, quando os preços da commodity devem ter se estabilizado.
? Tem que primeiro passar esta safra. Antes de julho de 2011 não vai precisar de mais do que se tem ? disse De Marco.
O novo presidente da Abrapa destacou ainda que, apesar da indústria têxtil doméstica alegar que consome de 800 a 900 mil toneladas de algodão por ano, a expectativa da entidade é a de que essa demanda já atinja um total de 1,1 milhão de toneladas