Embate comercial entre China e Estados Unidos e câmbio enfraquecido limitam a perspectiva de alta nas cotações do grão no Brasil. Entenda o caso!
Daniel Popov, de São Paulo
O cenário para os preços de soja no Brasil não parece tão bom quanto no ano passado. Se de um lado há quebras previstas no Brasil e Paraguai, do outro há grandes safras nos Estados Unidos e Argentina. Se levar em consideração também o embate entre os norte americanos e os chineses e a sazonalidade do momento (colheita da soja no Brasil), os preços da oleaginosa não devem mesmo apresentar grandes elevações no primeiro semestre.
A safra brasileira de soja 2018/2019 deve somar pouco 115 milhões de toneladas, pelo menos é o que acredita a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a consultoria Safras & Mercado, pouco menos dos que as 119 milhões de toneladas da temporada anterior. Essa quebra trouxe aos produtores brasileiros a expectativa de que os preços do grão pudessem ter uma elevação maior. Fato que segundo o analista Luiz Gutierrez não deve acontecer, pelo menos no primeiro semestre.
“A tendência é de preços pressionados no primeiro semestre, dependendo muito da questão China/EUA e da nova área americana. Se tiver acordo as cotações da Bolsa de Chicago podem testar os US$ 10 por bushel, mas o prêmio no Brasil despencará. Por isso acho difícil a saca da soja subir pelo menos R$ 5 antes do segundo semestre”, afirma.
O dólar seria um fator que poderia fazer a diferença, entretanto o analista destaca que a tendência para a moeda americana é de desvalorização. “A tendência não é de alta, pelo menos não neste momento. Todo o mercado está apostando que o acordo entre os dois países sairá entre março e abril. Até lá há espaço para a saca se valorizar no Brasil, mas pouco, como estamos vendo”, diz.
Safra maior na Argentina
Para piorar a relação oferta demanda mundial a Argentina se recuperou da forte quebra do ano passado e agora espera uma safra grande. A Bolsa de Mercadorias de Rosário estimou que a safra de soja da Argentina será de 52 milhões de toneladas na temporada 2018/2019, ante 50 milhões estimadas anteriormente. No último levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), eram esperadas 55 milhões de toneladas para a safra argentina. Já a Bolsa de Buenos Aires aposta em 53 milhões de toneladas.