– Ele deve ser realizado quando o produtor identificar o surgimento dos primeiros botões florais, observando a presença de orifício de alimentação e postura de ovos do inseto nessas estruturas. Pelo fato do número dessas pragas aumentarem rapidamente e, a fase de larva ficar dentro do botão floral, a detecção muitas vezes não acontece ou é feita tardiamente – destaca Lucia, acrescentando que o prejuízo é considerável mesmo que a infestação ocorra em pequena proporção.
– Dispomos de algumas ferramentas, como o monitoramento antes do plantio com armadilhas de feromônio, controle no botão floral, pulverizações sequenciais e controle pós-colheita – aponta a pesquisadora. Segundo ela, o primeiro registro do bicudo no Estado foi em 1993, na região de Cáceres, e de lá para cá, a praga só tem aumentado.
A entomologista afirma, ainda, que um ponto fundamental para o sucesso no manejo da praga é o controle realizado nas bordaduras.
– Os insetos penetram nas lavouras pelas bordaduras, ou seja, pelas bordas da plantação, onde permanecem durante a primeira geração. Por isso, é preciso realizar, estrategicamente, amostragens específicas, catação e colocação de armadilhas para coletas. Em áreas com esse tipo de manejo é possível verificar a redução na aplicação de inseticidas.
Uma das principais formas de controle consiste em destruir as soqueiras de algodão até 30 dias após a colheita, limitando até 15 de setembro.
– As rebrotas também devem ser destruídas e as semeaduras devem ser realizadas entre 30 e 40 dias – assinala Lucia.
A instalação de armadilhas de feromônio nas lavouras com pelo menos 60 dias antes do início do plantio também apresenta resultados positivos para o manejo da praga. Isso ocorre porque elas têm a função de atrair os bicudos que estão nos refúgios próximos às plantações, antes da germinação do algodão.
– Nas áreas próximas às armadilhas de captura é possível fazer um levantamento dos níveis de infestação, detectar os pontos de maior problema e assim, realizar o tratamento para um controle diferenciando – salienta a entomologista. Ela ainda lembra que o período de entressafra merece muita atenção.
O ataque do bicudo provoca a queda antecipada dos botões florais, flores e maçãs. Os botões apresentam perfurações externas; as flores ficam com aspecto de “balão”, devido a não abertura das pétalas; as maçãs apresentam perfurações externas; e as fibras e sementes são destruídas, causando a abertura anormal da maçã (carimã) e escurecimento interno.
– Com isso, ocorrem perdas expressivas na produção. Hoje, para contornar este problema, acaba se fazendo o uso abusivo de produtos químicos, aumentando o custo de produção e contaminando do meio ambiente – afirma Lucia.