O aparecimento de uma nuvem de gafanhotos na Argentina assustou produtores rurais, assim como entidades do governo do país. O fato ocorreu no mês de junho, quando os insetos destruíram lavouras de milho na Argentina e migraram sentido Rio Grande do Sul.
A nuvem de gafanhotos entrou no país pelo Paraguai. “Deve-se lembrar que em aproximadamente um quilômetro quadrado, até 40 milhões de insetos podem ser mobilizados, comendo pastagens equivalentes ao que 2.000 vacas podem consumir em um dia”, disse o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa).
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Os insetos podem causar danos às culturas e aos pastos mas não às pessoas. “As nuvens de gafanhotos podem passar por comunas, vilas ou cidades, mas não causam danos diretos aos seres humanos. Podem causar danos às culturas e aos pastos, mas não constituem um risco para as pessoas”, diz um comunicado.
Em outra postagem, o Senasa mostra o prejuízo causado pela nuvem de gafanhotos em lavouras de milho e mandioca. “Notamos a presença de uma nuvem de gafanhoto do Paraguai, em Colonia Santo Domingo, na cidade do General Manuel Belgrano, Formosa. Vamos avaliar a densidade da população da peste e os danos causados ao milho e mandioca”.
A nuvem migratória sobrevoou vários municípios argentinos próximo à fronteira do Brasil. Na ocasião, o governo brasileiro entrou em alerta e até montou um plano de combate. Felizmente, os insetos não atingiram as lavouras deste lado da fronteira.
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— Senasa Argentina (@SenasaAR) June 24, 2020
Como se forma uma nuvem?
Segundo Marcos Lhano, professor da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), os animais são da espécie Schistocerca cancellata, comuns na América do Sul, e vários fatores podem causar esse fenômeno, já que os gafanhotos vivem duas fases em suas vidas, em uma delas é quando eles se agregam.
“Quando ocorre uma alteração no clima, com tempo mais seco, eles acabam se reproduzindo mais rapidamente. Com esse crescimento populacional, os insetos se juntam e formam essas nuvens, iniciando migrações atrás de alimentos”, disse.
Esta praga está presente no Brasil desde o século 19 e causou grandes perdas às lavouras de arroz na região sul do País nas décadas de 1930 e 1940. Desde então, tem permanecido na sua fase “isolada” que não causa danos às lavouras, pois não forma as chamadas “nuvens de gafanhotos”. Recentemente, voltou a causar danos à agricultura na América do Sul, em sua fase gregária.
A nuvem atual foi avistada pela primeira vez no Paraguai e acabou cruzando a fronteira com a Argentina, onde provocaram estragos em uma lavoura de milho. Dependendo dos fatores climáticos, a nuvem de insetos podem chegar até o Rio Grande do Sul.
Por ser uma força da natureza, segundo o especialista, a melhor maneira de conter o avanço desta nuvem seria a própria natureza. Vento, frio e chuva inibem a movimentação e, como a migração ocorreu durante o período de frio na região Sul, os gafanhotos se movimentaram cada vez mais devagar com o passar do tempo, até se dissiparem. Confira as notícias sobre este acontecimento:
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