Agricultura

Aconteceu em 2020: governo declara estado de emergência por nuvem de gafanhoto

Nuvem de insetos destruiu lavouras na Argentina e ameaçou invadir o território brasileiro no meio deste ano, gerando o alerta nacional

gafanhoto

O Ministério da Agricultura declarou, em 25 de junho de 2020, estado de emergência fitossanitária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina devido ao risco de surto de gafanhotos nas áreas produtoras dos dois estados. Os insetos, que destruíram uma lavoura de milho na Argentina, seguiam em direção ao Brasil.

De acordo com o chefe da divisão de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Jairo Carbonari, o status de emergência fitossanitária permite o estabelecimento de protocolos, manuais de procedimentos e autorização de uso de produtos, como agroquímicos, necessários para o controle da praga.

“Todo e qualquer mecanismo de atuação e produtos utilizados vão depender dos atos adicionais do Ministério da Agricultura”, disse. A emergência fitossanitária é por um prazo de um ano.

A nuvem de gafanhotos estava a cerca de 250 quilômetros da fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina. A preocupação das autoridades do setor agropecuário e de produtores rurais na época era o dano que os insetos poderiam causar às lavouras e pastagens, se houvesse infestação.

A dieta do inseto varia, conforme a espécie, entre folhas, cereais, capins e outras gramíneas. Segundo informações repassadas à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, a nuvem era originária do Paraguai, das províncias de Formosa e Chaco, onde há culturas de cana-de-açúcar, mandioca e milho.

Em nota, o Minstério da Agricultura informou que estava acompanhando o fenômeno em tempo real e que emitiu alerta para as superintendências federais de Agricultura e aos órgãos estaduais de Defesa Agropecuária para que sejam tomadas medidas cabíveis de monitoramento e orientação aos agricultores da região.

De acordo com a pasta, especialistas argentinos estimavam que os insetos seguiriam em direção ao Uruguai. A ocorrência e o deslocamento da nuvem de gafanhotos são influenciados pela temperatura e circulação dos ventos.

O fenômeno é mais comum com temperatura elevada. Segundo o setor de Meteorologia da secretaria gaúcha, há expectativa de aproximação de uma frente fria pelo sul do estado, que deve intensificar os ventos de norte e noroeste, potencializando o deslocamento do massivo para a Fronteira Oeste, Missões e Médio e Alto Vale do Rio Uruguai.

A nota diz ainda que os gafanhotos estão presentes no Brasil desde o século 19 e que causou grandes perdas às lavouras de arroz na Região Sul no período de 1930 a 1940. “No entanto, desde então, tem permanecido na sua fase ‘isolada’, que não causa danos às lavouras.”

O ministério informou na época que especialistas estavam avaliando os fatores que levaram ao ressurgimento desta praga em sua fase mais agressiva e que o fenômeno pode estar relacionado a uma conjunção de fatores climáticos.

A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul orienta os produtores rurais gaúchos a informar a Inspetoria de Defesa Agropecuária da sua localidade se identificar a presença de tais insetos em grande quantidade.